Dois

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    Em um final de semana, minha tia liga lá em casa chamando todo mundo pra comemorar o aniversário do marido dela numa chácara que eles tinham na saída da cidade. Não curto muito festas de família, mas dessa vez eu não podia deixar de ir, minha tia era uma mãezona pra mim, eu adorava ela, não podia recusar o pedido dela. Resultado: fui!

    A chácara era grandona, tinha uma casa estilo sobradinho, muita árvore de fruta, adorava ir lá quando era criança, eu subia em todas as árvores junto com meus primos, deixava minha tia doida, toda vez ela falava que nunca mais ia levar a gente lá nós três juntos, mas sempre levava.

    Nós 3 éramos eu (obviamente), minha prima Carla, e meu primo Sérgio. A gente já aprontou muito naquela chácara. Sérgio era o mais velho, tinha 7 anos a mais que eu e a Carla, que tínhamos a mesma idade. Um verdadeiro tesão meu primo, mas depois que se formou mudou –se pra São Paulo e foi trabalhar numa firma de engenharia e depois disso quase nunca o via. A Carla era uma menina gordinha e chorona quando criança adorava pirraçar com ela, mas só de onda, porque é uma das pessoas mais gente boa que eu conheço na vida. Depois que cresceu ficou uma delícia, cinturinha fina, peitão, bundona, não tinha cara que não ficasse doido por ela. Meu primeiro beijo foi com ela!

     Acabou não rolando nada entre nós, mas isso não abalou em nada a amizade que tínhamos. Ela era e continua sendo uma irmã até hoje, mesmo depois de tudo o que aconteceu.

    Bom acho que preciso dizer que nessa época eu era pra minha família o que pode ser chamado de o putão.

   Apesar de saber o quanto me sentia atraído por homens, ainda lutava comisso, apesar de já ter começado a ficar com homens há algum tempo, desde os 17 anos. A verdade é que eu não conseguia me apegar a ninguém, fosse homem ou mulher, porque não sabia ao certo o que fazer. Se pegava uma menina, me batia logo uma sensação estranha que eu não sabia explicar, começava todo empolgado,depois ia esfriando, esfriando...

   Já se ficasse com um cara, depois ficava me condenando, me dizendo mas que porra é essa cara, você não é gay, porque merda você precisa ficar atrás de homem se você pode ter a mulher que quiser (eu me achava um pouco)

    No fim das contas eu vivia sozinho. Sentia falta de ter alguém, mas não tinha ninguém que me fizesse mudar meu jeito de pensar,ninguém que despertasse em mim aquele desejo de ter aquela pessoa só pra mim.Então continuava minha vidinha como o putão da família.

   Lá estava eu na chácara de novo, fazia algum tempo que não ia lá. Quando cheguei já estava a maior zona, meu tio já estava mas pra lá que pra cá falando alto e tomando cerveja, a carne já estava na churrasqueira,a mulecada na piscina, minha tia trazendo um monte de comida pra por na mesa junto com as outras mulheres e a Carlinha linda como sempre com o namorado dela. 

Namorado?


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