Trinta e dois

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A minha formatura já estava chegando. Todas as aulas já haviam se encerrado e na próxima semana seria a colação de grau e a festa. Eu estava muito empolgado, não via a hora de chegar à formatura. Nos próximos dias ia ter várias solenidades, tipo aula da saudade, de encerramento de placa, missas, etc e tals...

Na quinta-feira minha mãe foi passar a noite na casa de minha vó, que estava meio doente e minhas tias marcaram de se revessar pra cuidar dela.

Estava de boa em casa. Ouvindo música. Pela milésima vez tocando o cd dos tribalistas, tinha músicas q eu adorava.

Do nada o interfone toca. Era o Luciano.

Fiquei me perguntando o que ele poderia querer aquela hora lá em casa! Ele chegou, fomos pro quarto, o som rolando alto...

- E aí meu irmão, o que é que você veio fazer aqui uma hora dessas? Quem foi que você matou e tá querendo que eu esconda o corpo?
- Não matei ninguém não rapaz! Vim lhe trazer isso aqui.

Ele me passou uma caixa que estava enrolada numa bolsa.

- Pow mermão presente pra mim é?
- Humhum
- Pow, nem é meu aniversário!
- Eu sei. Presente de formatura! Falei com minha mãe, ela fez questão de liberar a grana.
- Hum deixa eu ver então!

Abri a caixa. Dentro dela um relógio muito fodão, devia ter sido muito caro! Pra o Lu precisar ter pedido dinheiro a mãe ainda, deve ter sido caro mesmo, ele ganhava uma boa mesada, os pais eram bem de vida, ele normalmente não precisava de nada...

- Pow moleque valeuuu, você lembrou!

Eu tinha comentado com ele já tinha um tempo que estava a fim de comprar um relógio. Ele viu um relógio que eu estava de olho no shopping uma vez e comprou um quase igual.

- Vem cá sacana, dá aqui um abraço. (eu disse puxando ele num abraço!)

Senti o corpo dele. O cheiro. Senti como se seu corpo inteiro estremecesse com o meu abraço. O que é que estava acontecendo?

De repente no som começa a tocar uma música que eu simplesmente adoro.


É você
Só você
Que na vida vai comigo agora
Nós dois na floresta e no salão
Nada mais
Deita no meu peito e me devora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora

É você
Só você
Que invadiu o centro do espelho
Nós dois na biblioteca e no saguão
Ninguém mais
Deita no meu leito e se demora
Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora

Na vida só resta seguir
Um ritmo, um pacto e o resto rio afora

A situação ficou estranha. Nem eu nem ele falávamos nada. Meu coração ficou disparado, e sentia o dele assim também. A cabeça dele estava apoiada no meu ombro.

"Que se foda"

Me afastei um pouco, olhei nos olhos dele. Ambos calados.

"Que se foda"

One last timeOnde histórias criam vida. Descubra agora