Treze

104 8 0
                                    



            Até que chegou a época do aniversário do Lu. Carlinha combinou comigo e os amigos dele pra fazer uma surpresa pra ele. Eles dois iriam pra um restaurante com pista de dança, muito conhecido aqui da nossa cidade. Luciano ia pensar que seria um programa a dois. Com certeza ele já ia chegar lá triste, pensando que todo mundo tinha esquecido de ligar pra ele, mas na verdade já ia estar todo mundo lá no restaurante. Ele ia ter a maior surpresa. Só não sabia o quanto...
     Quando cheguei a maioria dos amigos do Lu já estavam por lá. O restaurante estava cheio, muita gente no outro ambiente dançando, e enquanto isso a mesa já estava toda preparada pra quando Luciano e Carla chegassem.
      Assim que entrei no restaurante, não consigo explicar o que aconteceu. Só sei que tive uma sensação ruim, de que alguma coisa não estava bem, não estava certa. Mas acabei atribuindo isso a minha neura com o Lu e resolvi deixar pra lá...

       A ideia da surpresa era a Carla ficar com o Luciano na pista, dançando e de repente eu encontrar com eles, como se fosse por acaso e chamar os dois pra minha mesa onde eu estava com alguns "amigos".

    Recebi o toque da Carla no celular, avisando que eles já estavam lá. Então fui lá procurar pelos dois.

   Quando cheguei à pista de longe já avistei os dois. Mas também um pouco ao longe avistei mais alguém.

   De costas pra minha prima, com uma camisa vermelha e jeans claro, uma delícia o sacana!

   Lá estava o Marcelo, o ex-namoradoda minha prima.

    Lembram-se dele? Marcelo e minha prima namoravam durante um tempão, 4 anos pra ser exato, mas no último eles tinham ido e vindo várias vezes, de perder as contas... E depois que o Marcelo se formou, acabou indo fazer especialização em Sampa. A princípio eles tentaram manter o namoro à distância, mas uma relação que próximo já estava meio desgastada, não tinha muito como ir pra frente a distância. Eles acabaram terminando.

   Depois que o namoro acabou minha prima ficouarrasada, entrou em depressão, deixou de sair de casa e etc. e tal, até quecomeçou a namorar o Luciano, e começou a aproveitar a vida novamente...


Bom o, porém é que apesar de todo o tempo que havia passado.
Apesar de tudo que havia acontecido.
Pra mim, a lembrança do Marcelo ainda mexia com a minha prima.
E mexia mesmo...

     Quando eu percebi o Marcelo, bem ali atrás da minha prima, senti como se o sangue tivesse todo fugido da minha cara. Devo ter ficado branco. A cena seguinte pareceu tirada de cinema, como naquelas cenas em que tudo fica em câmera lenta, e parece que só você se mexe normalmente. Ou então podia ser como quando você aciona o bullet time quando tá jogando Max Payne (desculpa não resisti, eu sou meio nerd mesmo! huahauhuaha)

A cena pode ser descrita da seguinte forma:

 Luzes estroboscópicas piscando.
Algumas pessoas dançam freneticamente, apesar de em câmera lenta.
A música eletrônica pulsa em meus ouvidos.
A cerca de 15 metros de mim estão Carla e Luciano.
A mais ou menos 10 metros dos dois está Marcelo.
Tanto Marcelo quanto minha prima estão de costas um pro outro.

Pelo visto eles não se viram ainda!
Vou arrastar Carlinha pra mesa antes que ela veja o Marcelo...

Antes que minha cabeça pudesse sequer concluir meus pensamentos, algo incrível aconteceu... Como se uma onda se transmitisse de minha prima pro Marcelo e dele pra ela, de repente os dois viraram o pescoço pra trás ao mesmo tempo.

Eu juro que foi isso que aconteceu mesmo, fiquei sem acreditar quando vi na hora!

Como se estivessem em sintonia, os dois se olharam. O olhar de um penetrou fundo nos olhos do outro. Vi o rosto de Carla se transfigurar completamente. Foi nessa hora que eu finalmente consegui chegar perto dela e de Luciano, pra por em prática o plano, mas minha prima tinha ficado tão sem reação que eu praticamente tive que arrastar ela e o Lu pra mesa onde o pessoal estava.

Na mesa com os amigos dele,Luciano não percebeu nada a princípio, mas depois foi ficando óbvio o clima que tomou conta da Carla. Ela falava muito pouco, às vezes sorria sem graça, e quando não estava olhando pra porta que dava pra boate, estava de cabeça baixa, olhando a toalha da mesa.



Luciano começou a perceber que ela estava diferente. Eu os via conversando e ela só balançava a cabeça, provavelmente dizendo que não era nada. A coisa já estava ficando tão chata que eu resolvi intervir.

- Carlinha, que foi que houve, me diz, eu te conheço.
- Não houve nada, eu estou bem.
- Não tá não amor, eu te conheço, você tá diferente.
(Luciano) Até o Ricardo já percebeu tá vendo.
- Pois eh prima, você acha que eu não te conheço, mas conheço, sei bem o que eh isso. Você não tá passando bem e não quer dizer nada pra não estragar o aniversário do Luciano né?
- ...
- Não acredito... É por causa disso? Nada haver amor, a gente vai embora agora, a gente vai lá pra sua casa.

- Ah, não de jeito nenhum, seus amigos estão todos aqui, não se preocupa comigo não, pode deixar, eu estou bem, já disse.
- Vamos fazer o seguinte.
(eu me meti no meio de novo). Eu deixo a Carlinha em casa e você fica aí Lu, depois eu volto com o carro. (os olhos da minha prima brilharam nessa hora, estava na cara que ela queria sair dali de qualquer jeito)
- Pronto beleza! Cara toma aí a chave do carro. (ele me joga a chave por cima da mesa e depois se virando pra Carla) Vê se melhora viu amor, mais tarde eu te ligo pra saber como você está.
- Tá bem...


Fomos pro carro.    

One last timeOnde histórias criam vida. Descubra agora