Luciano

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       Quando eu Luciano conheci o Ricardo, naquele dia, naquela chácara, eu fiz de conta que não o reconheci, mas eu sabia bem quem ele era. Sendo um cara meio tímido, às vezes eu passava por metido, pela minha dificuldade em quebrar a barreira inicial entre as outras pessoas.



    Por isso que eu secretamente admirava o Ricardo, antes mesmo da gente se conhecer. Ele era meio que o líder da galera do fundão, era e ainda é muito espontâneo e faz amizade na maior facilidade. Eu admirava isso em nele.

   Logo quando nos conhecemos eu quis manter minha fachada de badboy, mas logo eu me revelei como realmente era. E contei sobre essa admiração que tinha em relação a ele.

   Com o passar do tempo, nossa relação se transformou numa relação de amizade grande. Eu gostava da companhia de Ricardo. Cheguei a comentar com a prima dele minha namorada que sentia falta das brincadeiras dele quando ele não saía conosco.

   Entretanto, coisas estranhas começaram a acontecer.

    Andávamos cada vez mais juntos, e eu não deixava de notar o quanto o corpo dele era bonito quando íamos à praia ou ficava só de cueca. Mas isso nunca me perturbou de verdade, afinal de contas eu era hétero, estava muito bem resolvido em relação a isso e era muito apaixonado pela minha namorada. Na minha cabeça, da mesma forma que eu tinha admiração pela personalidade, também tinha admiração pelo seu físico.

    Quando fomos pra Olinda no carnaval nem eu conseguiu entender a minha reação em relação ao Fábio, amigo dele que estava junto com a gente. Eu sabia que no fundo no fundo estava tendo ciúmes da amizade do Ricardo com ele. Mas apesar disso, eu achava que fosse só ciumeira boba, nada demais.

     Mas quando eu vi o Ricardo e o Fábio abraçados descendo pela rua, me senti particularmente chateado, a ponto de acabar comprando uma briga com o Fábio por causa dele. E apesar de ficar chateado por causa das besteiras que ele tinha feito, eu fiquei praticamente louco quando voltei da rua e não o encontrei e nem as coisas dele em casa. Nesse dia procurei o Ricardo na casa de todos os amigos que ele tinha. Liguei umas mil vezes pro celular dele. Fiquei desesperado. Não sai mais de casa naquele dia, até a Carla receber a ligação dizendo que ele estava em casa. Eu senti algo muito bom ao saber que ele estava bem.

     Depois de terminar o namoro com a Tati, ele se afastou de mim levei um bom baque por causa disso. Reclamava direto com a Carla, eu dizia que já tinha feito tudo que podia pra tentar ajudar ele, mas que nada tinha adiantado. Eu sentia falta dele. Às vezes me pegava em casa pensando nele, no que ele estaria fazendo... mas isso é só preocupação de amigo e nada mais.

     Quando o meu namoro com a prima dele terminou, eu a princípio ficou puto. Porra, ele era o cara que eu confiava, o meu melhor amigo, não era qualquer pessoa. Tudo bem, ele era primo da Carla, mas eu me sentia traído por ele também. Mas mesmo assim, eu entendi a posição dele. Mesmo porque eu sabia que não conseguiria ficar com raiva dele por muito tempo.

    Eu me sentia cada vez mais próximo dele, cada vez mais dependente da presença dele.

    Sentia falta dos dias que eu não o via, mais ainda assim nessa hora eu não conseguia ver isso como algo mais. Mesmo sentindo algo estranho quando eu o abraçava, como um arrepio me subindo pela espinha... Mesmo assim éramos só amigos.

     Um dia eu dormi na casa dele. Percebi que eu estava ficando excitado por ver ele sem camisa com o short curto que ele dormia. Mas disfarcei. Acordei nesse dia no meio da noite com o pau durão. Olhei para o lado e vi o Ricardo deitado na cama, de bruços. Fui ao banheiro bater uma punheta. Tentava bater uma pensando na menina que tinha ficado na balada. Mas toda vez que fechava os olhos e tentava pensar nela a imagem dele vinha na minha cabeça.

"Mas que porra tá acontecendo, eu não sou viado não"

    Na boate percebi claramente que o amigo dele o tal de Thiago estava dando em cima dele. Pra mim isso estava mais do que claro. E dessa vez eu percebeu uma coisa diferente. Diferente do ciúme que eu senti com o Fábio. Eu sabia que não era da minha amizade que eu estava com ciúmes não. Estava com ciúmes porque me sentia ameaçado. Eu não sabia onde enfiar a cabeça, porque não queria sentir aquelas coisas, me achava ridículo por aquilo, mas sentia que era algo mais forte que eu. Resolvi sair dali de perto porque não estava mais aguentando aquela situação.

   Quando ele sofreu aquele acidente putz... foi como se o meu coração parasse na hora em que vi pelo retrovisor ele rolando pelo asfalto. Eu freei na mesma hora e desci como um louco. Via-o contorcendo de dor no chão, coisa que até hoje ele não lembra e fiquei desesperado.

    Mas uma coisa que me marcou a cabeça nesse acidente foi quando eu vi a Carla chegar no hospital naquela noite.

   Ela veio em direção a mim. Eu olhei pra ela e percebei que já não sentia mais nada do que sentia antes. Toda aquela raiva, tudo havia passado. Aquela mulher que eu havia amado tanto agora estava no passado. E no presente a única coisa que importava era o bem-estar do Ricardo. Eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a ele, era quase como se eu sentisse uma dor física pela dor que ele sentia naquele momento.

    Nos meses que se seguiram eu me sentia na obrigação de fazer tudo o que fosse possível pra a reabilitação dele. Em parte eu tinha um sentimento de culpa muito grande, mas boa parte dessa preocupação toda era porque eu gostava dele.

   Sim, eu já tinha percebido isso. Eu gostava dele.E era muito. Não era simplesmente amizade não.

   Quanto mais o tempo passava mais eu percebia isso. Eu pensei em se afastar do Ricardo, da mesma forma que ele pensou no passado. Mas a culpa que eu sentia pelo acidente me impedia disso. Eu não aceitava esse sentimento e lutava cada vez mais contra ele, mas estava ficando cada vez mais difícil. Eu estava perdendo interesse nas mulheres, não sentia mais o tesão, a mesma atração que eu tinha antes, e isso me preocupava. Principalmente quando na hora da punheta a figura de Ricardo de sunga ou de cueca aparecia na minha cabeça.
É quando ele me beijo nossa que beijo incrível eu claro que correspondi foi uma noite incrível, mas quando acabou veio logo a culpa a raiva o nojo eu não entendi o que estava acontecendo e o porquê de ter gostado de ter deitado com ele a como eu gostei.
Na minha cabeça estava se passando naquele momento o um vendaval de dúvidas por isso que eu bati no Ricardo quando desconfiei que ele tivesse contado pra Carla. Por isso eu reagi da forma como reagiu. Eu fui um completo idiota o machuquei e o coração dele, mas eu não sabia o que fazer!

One last timeOnde histórias criam vida. Descubra agora