Cansaço. Era tudo o que eu sentia na manhã seguinte. Me faltavam energia e força para querer viver, para tentar deixar a cama; uma vantagem ao menos: era sábado, então, nada de aulas.
Me virei de lado na cama a fim de alcançar meu celular que estava em cima da cômoda e já com a bateria carregada. Após pegá - lo, o liguei e aguardei enquanto o mesmo iniciava.
Barulho de despertador. Incrível! -pensei. Mesmo estando extremamente cansada eu ainda consegui acordar antes do despertador tocar! Isso não é normal! Eu não sou normal! Uma pessoa comum provavelmente não acordaria antes que o despertador soasse com aquele som irritante e estridente típico deste objeto que se não é criação do demônio, é de algum dos filhos dele. Para que se limitar ao tempo marcado por um aparelho? Por que não pode se seguir a ordem cronológica de forma natural assim como qualquer outra criatura que vive em harmonia com a natureza?! Acho que me esqueci que é pelo fato de que o ser humano não sabe viver em harmonia com a natureza! Enfim, eram sete horas.
Com o celular na mão, verifiquei que haviam quatro ligações perdidas e três mensagens. As ligações eram todas de Camila, assim como duas das mensagens; uma delas havia sido enviada às duas horas da manhã em que questionava onde eu estava; e a outra havia chegado às seis - como essa garota estava acordada às seis da manhã se provavelmente às duas horas ela ainda estava festa, talvez, procurando e esperando por mim? Pensei - Nesta mensagem ela pedia que eu lhe avisasse se eu havia chegado bem em casa.
Me atentei à outra mensagem; era um número desconhecido, todavia, minha mente me levou automaticamente a Lauren.
Abri a mensagem. Curta, mas esclarecedora, dizia apenas: " Boa noite. Salve meu número na sua agenda. Lauren." Não hesitei um segundo antes de adicionar aquele número à minha lista de contatos; poderia dizer que se meus dedos tivessem olhos e boca, provavelmente eles sorririam ao tocar a tela de meu celular enquanto eu salvava o número de Lauren. Receio dizer mas admito que, irracionalmente, meus lábios se curvaram num sorriso presunçoso erguendo as minhas bochechas ardentes e vermelhas, traçando a linha dos meus olhos que se entregavam sem resistir àquele sinuoso traçado da minha boca. Eu não sabia muito de Lauren, a não ser do que tínhamos conversado na noite anterior, e tampouco, eu sentia algo por ela. Entretanto, ela me transmitia uma simpatia, uma energia boa e amigável, que eu, sem me dar conta, já começava a tecer o mundo em que havia apenas ela e eu, um mundo onde nada era impossível nem finito. Mal sabia eu, que a partir do dia em que a conheci e me aproximei dela, eu começava a caminhar com os pés no inferno e a cabeça na lua.
Quis lhe enviar uma mensagem, mas o que dizer? - " Bom dia Lauren, já salvei seu número" ou "bom dia, chegou bem em casa? Já salvei seu número aqui." - Todas as minhas supostas mensagens, que eram comuns, qualquer pessoa usaria, para mim não escapavam ao ridículo. Tive raiva de mim mesma por não ser capaz de ao menos elaborar uma mensagem, mesmo que simples! A verdade é que eu estava preocupada demais com o que ela pensaria se eu lhe mandasse uma mensagem. Eu sentia vergonha, de que talvez minhas palavras não passassem da idiotice da mera formalidade, pois, se ela pediu meu número, provavelmente não foi para conversas formais como apenas um oi tudo bem, ou então, como questões de negócios.
Relutante por não saber o que dizer e com muito peso na consciência, respondi brevemente a mensagem de Camila afirmando que eu chegara bem em casa e deixei o celular de lado para enfim pular da cama.
Após me levantar e tomar um rápido banho quente fui à cozinha tomar café. Minha mãe não estava em casa, pois o único dia de descanso que ela reservava para si era o domingo, porém ela havia deixado o café da manhã pronto, um mimo para mim, que para outra pessoa pode não passar de uma simples banalidade
.
É claro, antes de sair do quarto eu fiz questão de pegar meu celular e carregá - lo comigo. Por que? Ora pois! Porque eu ainda cogitava mandar uma mensagem para Lauren.
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Lauren (Camren/You)
FanfictionQual é o limite do coração? Quão tênue é a linha que separa o sentimento da razão? Essas são perguntas que (SeuNome) não pode responder, por mais que procure a resposta. Porém, ela pôde experimentar a certeza de que "o coração tem razões que a própr...