Senhora

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       Abriu - se a porta para a nossa entrada, e o falatório que antes se fazia presente foi cessado assim que meu irmão e eu figuramos na entrada daquela imensa sala. O silêncio estabelecido chegava a ser sombrio e dantesco, quase como se estivéssemos num ritual religioso. Uma grande mesa figurava ao centro. Nela, rodeavam, além de Albert e Alejandro, cerca de oito a dez homens e três mulheres. Outras pessoas permaneciam de pé, e vendo que sobravam apenas duas cadeiras que, provavelmente, pertenciam a mim e a Manuel, julguei que aqueles outros ali deveriam ser alguma espécie de auxiliar dos que, supunha, serem os mais importantes.

           Dentre tantos rostos desconhecidos, destacarei três: Steven, o meu mais novo conhecido ao qual já me referi em outros capítulos; para a minha infelicidade e algum espanto, Michael também estava presente; e um homem negro, de porte alto e forte, que apesar do terno mostrava ter algumas tatuagens - mais tarde soube que tinha mais do que aquelas que meus olhos viram. E a este último, Albert, não pense que falei dele agora porque me chamou atenção ou me causou alguma impressão. Não, não foi isso. Me referi a ele neste momento, para que saiba que enquanto eu estava dentro daquela sala, eu jamais imaginei que ele viria a figurar fortemente na minha vida além do que estávamos para tratar ali.

           - Sentem - se vocês dois. - Alejandro indicou - nos nosso acento que ficava na parte superior da mesa.
                             
           Atravessamos a sala até os nossos respectivos lugares. Ao menos, estávamos um ao lado do outro naquele instante, porque o que eu menos queria naquele momento, era ficar sozinha numa sala cheia de prováveis víboras capitalistas.

          - (SeuNome), Manuel. - Alejandro chamou nossa atenção - Creio que ambos não podem estar mais que confusos e perdidos neste momento. Devem estar se perguntando o que fazem aqui e quem são essas pessoas. À segunda pergunta, irei respondê - la: todos os presentes que estão sentados à mesa são empresários e executivos, e todos são sócios ou acionistas desta empresa em que estamos agora, a Wolfgang Motors.

           Tive de abrir grandes olhos de espanto, pois acabava de ouvir meu sobrenome como nome de uma empresa, e sequer vi qualquer placa com o nome. Creio que notando minha surpresa, Alejandro se explicou:

          - Existem muitas pessoas com o mesmo sobrenome por aí, (SeuNome). Porém, ainda assim, acho que não percebeu que entramos pelos fundos, e por isso não pôde ver.

          - Mas se estamos aqui, é porque devo ter algo em comum com isto. - Ponderei.

          - Certamente! Por isso, para responder à primeira pergunta, passo a palavra ao nosso colega e advogado da família Wolfgang: Steven.

           - Advogado? Nunca tivemos advogado. - Manuel afirmou tão surpreso quanto eu, pois eu estava mais perplexa em saber que aquele senhor que conversara comigo há algumas semanas, tinha relações mais estreitas com minha família do que eu pensava.

           Steven se levantou carregando um pasta preta em mãos. Se posicionou na ponta da mesa, local ocupado anteriormente por Alejandro. Vi o senhor abrir a pasta e tirar de dentro dela um envelope lacrado.

          Olhei para o lado onde meu irmão estava, e constatei que ele estava tão ou mais ansioso e curioso do que eu com o que ainda estava por vir.

          - Antes de abrir o envelope, alguns esclarecimentos. - O homem me olhou e sorriu sincero - Quero dizer a você, (SeuNome), que tudo o que vier a saber hoje, eu nada lhe disse por obrigações do ofício. Também, quero que se lembre de quando lhe contei sobre o favor que devo à sua família pelo que seu avô fez à minha. Éramos seis filhos e nossos pais estavam desempregados. Seu avô nos acolheu, nos deu comida e casa para morar. Meu pai trabalhou como chofer para seu avô, e minha mãe trabalhava na limpeza da casa. Nos ajudou, a nós, os filhos, com os estudos também. Se não fosse por ele, eu jamais teria chagado onde estou hoje. Ademais, sempre fui muito amigo de seu pai, por isso acabei por me tornar o advogado pessoal da sua família. - Explicou - se.

Lauren (Camren/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora