Lauren (Camren/You)

Gravidade Zero

"Vivia tão nela, dela e para ela..." - Machado de Assis

"Mundo, mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração!" - Carlos Drummond de Andrade

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Segui junto ao homem até a lanchonete do hospital. Ele estava sério, quando nos sentamos à mesa um de frente para o outro, Ty tinha o olhar longe e o pensamento ainda mais perdido em qualquer ponto do espaço. Eu me perguntei o que fazia eu dividindo a mesma mesa com aquele homem, pois antes daquele momento, eu odiava da mesma forma que odiava o pai de Lauren. Mas agora estávamos ali, os dois, para falar da mulher que era cúmplice daquela cena.

Um pouco afastados de nós, vi Clara acompanhada de Troy e Ally. Um copo de suco permanecia intocável sobre a mesa que a mulher ocupava, tamanha deveria ser a dor que lhe afligia o coração.

- Bem, por onde deveríamos começar? - Tyrone falou pensativo.

- Você poderia começar pela verdadeira razão que nos coloca um de frente ao outro.

- A razão? A razão é uma só: Lauren. Mas sem enrolação, quero lhe contar uma história, (SeuNome).

- Me desculpe, mas não estou aqui para ouvir histórias, senhor Tyrone. Vá direto ao ponto.

- Histórias? Não vou lhe contar histórias, a história que quero lhe contar é uma só, é a sua.

- Sei minha própria história.

- Isso é o que você pensa, mas a história que você sabe é apenas a parte da qual você estava a interagir também, aquela pela qual a senhora foi responsável por escrever. Mas numa história a dois, não podemos nos esquecer que há sempre dois escritores, e o da sua, é a Lauren.

- Por favor, se tem algo a me dizer, deixe de rodeios e diga logo, sem metáforas e sem mais mentiras.

- Pois bem. Sou sócio da sua empresa desde que meu pai faleceu, no entanto, isso foi antes de você assumir sua posse. Enquanto isso, tornei-me um bom amigo do coronel Jauregui, embora não concordasse com muitos dos pensamentos dele e de sua maneira em governar sua própria casa ou a vida de sua filha. Creio que não notou minha presença, mas estive em todos os jantares e reuniões em que a senhora também esteve, desde aquele primeiro e maldito jantar em que Michael te humilhou pela primeira vez. Nao sabia de sua relação com Lauren e não nego que sempre a achei muito atraente, porém nunca tive coragem de pedir algum consentimento da parte dela. Porém, desde que começou a administrar a empresa de seu pai, Michael passou a te detestar ainda mais. Certo dia, me perguntou se por algum acaso eu teria interesse em Lauren. Fiquei constrangido e ele logo percebeu que sim. Me contou que desconfiava que havia algo entre você e Lauren, mas eu discordei totalmente dele, pois a mim, me parecia que Lauren não se interessava por garotas.
O pai dela acabou me apresentando a ela...

- Para que vocês se apaixonassem um pelo outro? Me diga algo que não sei.

- Sim, creio que se não descobriu isso sozinha, Lauren deve ter te contado. Enfim, ele fez isso mesmo, e eu estava disposto a fazer Lauren me amar, mas ela parecia se recusar a isso, até que você foi para Seattle. Ela me procurou para conversar já tarde da noite, estava chorando muito. Perguntei o que era, por que chorava e então ela me contou sobre vocês, que estava sendo forçada a ficar comigo e que você ainda não sabia disso, além de que temia perdê-la por isso.

- Certo, certo. E como se sentiu ao saber sobre mim? Digo, detestei você quando o vi com ela. Se gosta dela, deve ter me odiado também.

- Realmente, a odiei. - Ele falou sem mostrar desconforto algum, mas eu estava me sentindo totalmente desconfortável com aquela conversa. - Além disso, fui rude com Lauren e ameacei contar ao pai dela se ela não terminasse com você assim que você voltasse de Seattle. Ela voltou para casa pior de que quando foi me procurar, e não me orgulho disso. Alguns dias se passaram, você voltou e quando vi sua maneira de olhar para ela e ela para você, soube que eu poderia tentar, mas nunca iria conseguir destruir o que havia entre vocês. Porém, ainda tentei conquistá-la por mais um tempo e não digo que desisti por completo, mas que não irei forçá-la a nada.