Lauren

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Peço desculpas pela demora, eu honestamente não tenho tido muito tempo para escrever. Perdoem qualquer erro e boa leitura.

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      Recluso, solitário e isolado, não estava o jardim tanto quanto eu; estava vazio, porém não sozinho, as flores, os insetos, a noite, as estrelas e a lua estavam ali para ele, e faziam o fardo do vazio lhe ser menos pesado. Eu, no entanto, continuava sozinha, como eu queria estar, no vazio frio e silencioso daquele local desejava desaguar minhas lágrimas, que porém, não vinham. A vontade de chorar ainda era imensa, mas o choro que ficara travado na garganta não saía, as lágrimas não brotavam, e o desejo de chorar se tornava numa raiva desesperada; raiva por não poder desabafar; raiva por não ser capaz de me defender; raiva por ainda estar ali.

        Me deixei cair sobre um banco de madeira que havia mais ao fundo do jardim. Dobrei as pernas sobre o mesmo as segurando com ambos os braços e a cabeça enfiada nos meus joelhos; me deixei ficar, perdida nos meus pensamentos, nos últimos episódios do dia. Perguntas e mais perguntas como: por que o coronel me criticou tão duramente? Por que tanta raiva de minha mãe e meu pai? Por que Alejandro fizera questão de deixar bem claro quem eu sou? E eu não tinha resposta para nenhum de meus questionamentos, uma névoa impedia a saída de qualquer feixe de luz que pudesse surgir, e de repente, naquela mesma posição - pernas encolhidas e enlaçadas pelos braços e a cabeça sobre os joelhos - eu me transfigurava na minha caricatura de criança quando eu sentava num canto para chorar, mas dessa vez o choro não aparecia, e eu comecei a cair no escuro.

        Creio que apaguei Albert, naquela mesma posição, por pouco mais de vinte minutos. Talvez meu corpo estivesse tão cansado e meu emocional tão abalado que até fui capaz de cochilar ali mesmo. Acordei com alguém me balançando e chamando pelo sobrenome:

       - Wolfgang, senhorita Wolfgang. Acorde. Vamos, por favor, este não é um bom lugar para dormir. Está frio. - Eu ouvi a pessoa dizer e no começo, sem poder enxergar claramente por causa da costumeira visão embaçada ao acordar e pela parca iluminação que no momento era apenas a luz natural da lua que deixava a noite clara, pensei que fosse Camila quem me chamava, mas ligando os fatos, eu descartei a hipótese de ser ela quando meu consciente me lembrou de que ela não me chamava, e nem chamaria, pelo sobrenome. Além disso, eu não conhecia aquele timbre que vinha fazer eco em meus ouvidos.

       De alguma forma espantada, abri de vez os olhos mandando todo o resquício de sono que eu pudesse sentir para o fundo do meu ser, e um choque de realidade me atingiu como um doloroso soco na cara. Não era mesmo Camila, e tampoco era alguém que eu desejasse ver; quem ali estava era a filha do Jauregui, que me olhava com um sorriso torto nos lábios.

        Me levantei bruscamente do banco esbarrando brutalmente na moça, e comecei a dar passos largos a fim de sair daquele local. Não sei se por medo ou se por vergonha, mas eu me sentia desconfortável e insegura na presença daquela garota, e o receio de uma possível cena como a de antes acontecer novamente me alarmava até o abismo da minha alma.

       Contudo, a maior parte das coisas não saem como a gente deseja, e quando o alguém que deseja sou eu as coisas saem ainda mais contrárias ao que se espera, pois ela me seguiu e alcançou antes mesmo que eu me pusesse fora do jardim. Senti seus dedos segurando a ponta do meu cotovelo a fim de me fazer reter o passo. Parei, mas hesitante em se eu deveria me virar na direção dela ou arrancar - me de sua posse à força. Antes que eu pudesse tomar qualquer decisão, ela principiava a falar comigo.

        - Por favor, espere. Eu só quero falar com você, se não se importa. - Disse num tom de voz calmo e baixo.

         Não me virei para ela, porém respondi:

Lauren (Camren/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora