"Se eu lembrasse de deixar a vida por aborrecimento ou capricho, seria você acusado de me haver propinado o veneno?" - Helena, Machado de Assis* Título usado é um livro de Sidney Sheldon.
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Carrego dois suicídios consumados e duas tentativas de homicídio nas costas, Albert, e como disse Baudelaire: “O cansaço de adormecer e acordar me são insuportáveis”, sobretudo quando meus dias se arrastam presos a essas lembranças e a essa culpa que me enlouquecem. E eu só escrevo e já nem sei mais por qual razão ainda me apego à necessidade de usar essa caneta e esse papel, talvez, agora, depois de decorrido todo esse percurso da minha memória, eu seja capaz de confessar e admitir que escrevo apenas e somente para me justificar. Justificar o que fiz e o que fui, o que não fiz e o que não fui capaz de ser. Há alguns dias essas ideias vêm me assombrando a cabeça, saindo do fundo do meu subconsciente e se instalando, apodrecendo, entortando o meu coração. Não há remédio para malogros como esse.
Bem, o casamento de Lauren estava marcado para o dia 27 de dezembro. Os Cabello haviam sido convidados, os empresários, os sócios, os amigos e demais parentes da família Jauregui e também do noivo. Vi o convite chegar na casa dos Cabello, fingi frieza e indiferença na frente de Camila – a qual deu sua palavra de que não compareceria naquele casamento por nada no mundo. Aliás, ela e Lauren não se gostavam, então não havia motivos para ela ir ao casamento e, de qualquer maneira, mesmo que quisesse, ela não poderia ir.
Depois da última conversa com Lauren, eu voltava a alimentar a loucura e a esperança de tê-la novamente. Ouvi-la dizer que ainda me amava trouxera tudo à tona e eu estava decidida a lutar por aquela que eu acreditava ser o amor da minha vida. E como sou uma pessoa horrível e sem escrúpulo algum, Albert! Eu ainda estava com Camila e tinha ideias absurdas!
Descobri por meio de Normani, o dia em que Lauren iria comprar seu vestido de noiva, isso nos últimos dias do mês de novembro. Sabendo local, dia e hora, me dirigi ao lugar. Fui recebida por uma atendente e disse que procurava Lauren, que era uma amiga. A atendente, muito ingênua e carismática, me guiou à sala onde Lauren fazia os ajustes de seu vestido. Batendo na porta e recebendo consentimento para entrar, a moça entrou antes de mim, dizendo:
- Essa moça diz que é amiga da noiva.
Os olhos de Clara, Normani e Ally rapidamente se viraram na minha direção. Uma mistura de surpresa e preocupação surgiu no rosto das três mulheres.
- Aqui estou! – A voz de Lauren surgiu animada na sala, assim como ela que estava num longo vestido branco de mangas compridas e coberto por belos detalhes em renda, além do véu e uma tiara de diamantes que lhe enfeitavam a cabeça. – (SeuNome)? – Falou mudando totalmente a feição em seu rosto. Creio que o dia de seu casamento, mesmo não sendo com quem ela amava, lhe causava alegria, talvez casar fosse um de seus sonhos, mas ao me ver ali, acredito que Lauren sentiu a mesma dor que eu, ao vê-la tão bonita.
Eu queria dizer o quão linda ela estava, no entanto, senti-me tão abatida, tão desorientada que não consegui dizer exatamente o que queria.
- Me desculpe, me desculpe. Eu não devia estar aqui. – Falei nervosa sem conseguir sair da sala, mas não querendo ficar.
Ficamos todas em silêncio, um silêncio doloroso do qual eu queria me livrar. A atendente parecia não estar entendendo a situação e, no lugar dela, eu também não estaria, pois toda essa história é confusa demais até mesmo para mim.
- Vocês podem nos dar licença? – Lauren falou às mulheres que estavam conosco na sala.
- Não acho que seja uma boa ideia, filha. – Clara se manifestou.
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Lauren (Camren/You)
FanfictionQual é o limite do coração? Quão tênue é a linha que separa o sentimento da razão? Essas são perguntas que (SeuNome) não pode responder, por mais que procure a resposta. Porém, ela pôde experimentar a certeza de que "o coração tem razões que a própr...