Capítulo 3 JULIA

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As pessoas presentes no bar estavam surpresas porque embora muitas, inclusive o dono do bar me conhecesse a vida toda, não sabiam desse meu lado, ou seja, que eu cantava e tocava. O show foi muito bom, principalmente porque não havia combinação para a minha participação, sequer sabia que a banda do João Carlos iria se apresentar aqui hoje, aliás, não os encontrava há quase um ano. Voltei à mesa onde minha irmã e amigas estavam. Clarinha e Ester, disseram que me superei dessa vez, me perguntando o porquê de minha preferência pelo Rock, eu sorri e respondi que meu gosto é eclético, gosto do clássico ao rock. Regina por sua vez, chamou-me de exibida, Paulo, embora soubesse que eu tocava alguns instrumentos, nunca tinha visto. Quanto a Ricardo e Eduardo, estavam estupefatos e sem palavras.

Ricardo apenas dizia -"Uau, demais!"

Eduardo não parava de me olhar, como se eu fosse um ser de outro planeta. Conversamos mais um pouco, tomei mais uma dose de vodca com citrus, e me despedi dizendo que estava cansada da viagem e ia para casa dormir. As meninas dizendo para eu ficar mais um pouco, mas realmente eu queria ir, eu precisava sair dali. Ver o Eduardo depois de tanto tempo, mexeu comigo, foi uma paixonite de adolescente coisa que eu jamais poderia imaginar que pudesse ainda me tocar como aconteceu. Enquanto estava no palco não via ou sentia nada, era apenas eu e a música como sempre acontece, mas agora estar diante dele não está sendo legal. Ainda mais que ele não tira os olhos de mim, e a Regina que está com ele e já não ia com a minha cara, está faltando pouco pular no meu pescoço. Eduardo se ofereceu para me levar em casa, eu agradeci, mas disse que o João Carlos iria me dar carona, visto que ele morava perto da casa de minha mãe. Ricardo disse que eles estavam combinando de passar o final de semana em sua fazenda, iriam no dia seguinte pela manhã e ante o feriado voltariam na terça-feira à noite. Agradeci ao convite, mas disse que não iria, havia vindo visitar minha mãe e que achava que não seria legal passar o final de semana fora. Ricardo insistiu dizendo então para eu ir pelo menos passar o dia com eles e voltar à noite, novamente agradeci, mas, de novo disse não. Chamei o garçom paguei minha despesa, me despedi de todos e sai.

João Carlos que também é meu amigo há mais de trinta anos estranhou eu pedir para ele me dar carona para casa, achou que eu fosse querer ficar até mais tarde, até porque estava bem animado no bar. Ele me perguntou se tinha alguma coisa errada comigo, se ainda era o luto, disse ainda que já fazia mais de um ano que Marcio se foi, que estava na hora de seguir em frente. Eu lhe disse que não tinha nada a ver com luto, que eu já tinha superado isso. Saudade, tinha, claro, mas era uma saudade boa. Disse que realmente estava cansada da viagem, que não ia nem sair, só fui ao bar por insistência de Martinha, e só fiquei mais tempo no bar por causa dele e da banda, senão teria ficado no máximo dez minutos. Cheguei em casa, tomei um banho e me deitei. Rolava na cama de um lado para o outro, não conseguia dormir. Eduardo não saia de minha cabeça, seus olhos cor de mel, seus cabelos negros já um pouco grisalhos, a pele morena, o sorriso lindo, não o vi em pé, apenas sentado, mas, ao que tudo indica ainda mantem um corpão. Até mesmo um homem de quase sessenta anos ou mais, pode manter um físico de fazer inveja a muito garotão de vinte. Não sei por que o espanto!

Já passava das quatro da manhã quando Martinha chegou, ela nunca soube da minha paixonite pelo Eduardo, sabia que eu o conhecia e só. Aliás, Martinha era amiga da irmã dele, estudaram juntas. Martinha viu que havia luz em meu quarto e entrou.

─ Acordada ainda? Ante sua constatação, ela me perguntou o que havia acontecido entre eu e Eduardo.

─ Nada.

Disse-lhe eu o conheci quando éramos adolescentes da mesma forma que ela o conhecera quando criança, visto que ela frequentava a casa dos pais dele.

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