Capítulo 8 EDUARDO

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Saí da pizzaria e fui para casa, não estava com disposição para continuar aturando conversa fiada. Não sei se estou puto ou decepcionado, ou as duas coisas. Só sei que essa é a primeira vez que uma mulher me dispensa. Porra, e justo Julia tinha de fazer isso, justo ela tinha de me esnobar. Em casa me servi de uma dose de whisky e sentei-me no sofá com os pés na mesa de centro. Por que Julia não quer sequer conversar comigo? Mas de certa forma, ela está certa, falar sobre o que? Explicar o inexplicável? Mas o que é inexplicável? O fato de eu não ter namorado ela? É, isso de certa forma, é inexplicável. Ela pode perguntar:

─ Se você gostava de mim, então porque não me pediu em namoro? Por que ao invés de me namorar foi namorar uma garota mais velha e com moral duvidosa? E depois disso, porque a Glória e não eu?

Por mais que eu possa explicar a ela os meus motivos, será que para ela são motivos reais, verdadeiros, justificáveis? Ela pode também perguntar, querer saber, porque nunca a procurei? Nunca sequer falei com ela? Hum, é de fato, querer explicar o inexplicável. Mas eu também quero saber, se quando ela também me paquerava ela já estava namorando o velho, porque se for assim, ela também não era tão direita quanto eu imaginava na época. E aí seu otário, você deixou de ficar com ela, pois achava que ela era "santa", como a Glória, que era como "Denorex, parece que é, mas não é." Quer saber? Vou insistir até ela aceitar sair comigo, e aí então vou tirar tudo isso a limpo.

─ Oi Edu, pensei que você estivesse com a Julia, disse Sergio.

─ Lembra do baile, quando levei Julia até a casa da amiga dela, disse boa noite e fui embora? Pois é, hoje foi Julia que me deu boa noite e foi embora.

─ Que merda cara! Disse Sergio.

─ Mas, amanhã você vai ter o dia todo para tentar novamente.

─ Posso saber por quê?

─ Depois que você saiu combinamos de fazer um churrasco lá na casa da Martinha, e pelo que me consta, Julia também mora lá, pelo menos quando está aqui. Disse Nando.

─ Quando você disse que ela continuava bonita, sinceramente, não acreditei, mas Edu, ela hoje está linda, é uma beleza diferente, ela irradia luz, serenidade, segurança, sei lá, Julia está radiante. Disse Sergio.

─ Vou lhe dizer uma coisa Edu, se eu gostasse de mulher, eu daria em cima dela. Gostei de graça dela. Ela me passou uma energia positiva, forte, não sei explicar. Julia parece ao mesmo tempo, pura e safada. Os olhos dela falam, ou melhor, ela fala com os olhos. Ela transmite sinceridade no olhar. Não sei explicar. Sinceramente, estou apaixonado. Disse Nando.

─ Olha Edu, depois que você saiu, começamos a fazer perguntas sobre Julia para Martinha, ela disse que não há segredos ou traumas na vida de Julia, pelo menos não que ela saiba, mas que qualquer coisa que quiséssemos saber, deveríamos perguntar para a Julia. Mas, disse que Julia é muito reservada, e ao mesmo tempo séria e palhaça. Ama música e dança. Vive para a família e o trabalho. É franca, direta e para ela não existe meio termo. É extremista, mas também tem um coração maior que o mundo. Disse ainda, que existem duas coisas que ela não admite ou perdoa, mas não falou quais são. Disse Sergio.

─ Será que ela tem alguém?

─ Isso meu amigo, você terá de perguntar a ela. Disse Sergio

─ Você acredita Sergio, que ela estava namorando o cara lá que ela casou quando a gente se paquerava?

─ Não, Edu, nós nunca vimos ou ficamos sabendo da Julia estar namorando naquela época. Julia só ia aos bailes, com os pais, não dançava com ninguém, porque você ficava secando, quando ia ao cinema ou a missa, você também marcava em cima.

─ Mas, e depois que fomos para a faculdade? E até mesmo antes disso, lembra que ela sumiu depois daquele baile?

─ Será que ela sumiu mesmo depois do baile, ou foi você que sumiu, porque estava ocupado demais comendo uma "biscate", para não falar outra coisa?

─ Mas eu a vi com o cara, e mais de uma vez.

─ O que você viu de fato Edu? Perguntou Nando.

─ Vi Julia sentada no banco da praça, fumando e conversando com ele, e vi também ela na saída do colégio, entrando num carro que fiquei sabendo que era dele.

─ Certo. Mas, você os viu de mãos dadas, abraçados ou se beijando?

─ Não

─ Então Edu, como você pode afirmar que era namoro? Você a procurou e perguntou, ou procurou saber por alguém que a conhecesse se ela estava namorando? Insistiu Nando.

─ Não

─ O que você fez? Começou a namorar a Gloria. Agora, não adianta chorar o leite derramado Edu. Pense apenas: e se eu tivesse perguntado e ficasse sabendo que não era namoro? Eu a teria pedido em namoro? Ou namoraria Gloria assim mesmo? Disse Sergio.

─ Mas, e se ela estivesse namorando ao mesmo tempo em que me paquerava? Pouco provável? Mas não impossível. Afinal de contas, a Gloria era tão menina de família quanto Julia, e, no entanto, não valia nada, era tão biscate quanto a Lena.

─ Edu, não adianta ficar aqui com suposições, o negócio é perguntar diretamente para Julia. Disse Nando, concluindo.

─ Eu a convidei para jantar, disse-lhe que queria conversar.

─ E ela, certamente, recusou o convite? Disse Sergio.

─ Edu, Julia não é como as mulheres que você está acostumado. Julia é uma mulher séria, que tem uma reputação a ser zelada. Pelo pouco que pude ver, ela não é mulher de saídas e ficadas. Pense nisso também. Sentenciou Nando.

─ Vem amor, vamos dormir que já está tarde e amanhã temos de levantar cedo para irmos ao mercado comprar as coisas para levar para o churrasco. Você vai Edu ao churrasco? Se for, leve o que você for beber e uma carne. Eu e Nando vamos levar uma vodca, limão, linguiça e coração. Finalizou Sergio.

─ Vou, mas podem ir na frente, encontro vocês lá. Boa noite, também vou dormir.

Amanhã é um novo dia, mais uma tentativa, e no que depender de mim, Julia não me escapa.

                                                            Oi  gente bonita

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Oi gente bonita.

É com grande carinho e respeito que venho agradecer à presença de vocês aqui para me ajudar a continuar a dar vida ao amor de Julia e Eduardo.

Um amor que começou há quarenta e três anos, um amor que o tempo apenas fez com que crescesse.

Um amor adolescente, que se tornou Um Amor Maduro.

Obrigado pelo carinho.

Vejo vocês amanhã.

Beijo no coração.

UM AMOR MADUROOnde histórias criam vida. Descubra agora