Esperei Eduardo dormir, sentir seu corpo quente, seus braços me envolvendo, quase fraquejei, quase desisti. Mas não podia ficar e esperar que ele me dispensasse pela manhã como faz com todas, eu não iria suportar.
Com muita dificuldade desvencilhei-me de seus braços, levantei sem fazer barulho, entrei no banheiro, olhei-me no espelho, meus lábios estavam inchados por causa de seus beijos, meus seios tinham marcas de sua boca, em todo meu corpo, as marcas de suas mãos, sua boca e seu pau. Ainda podia senti-lo dentro de mim. Ainda podia senti-lo me preenchendo, me completando. Entrei no chuveiro, tomei um banho rápido, desci até a sala e me vesti. Nossas roupas ainda estavam espalhadas pelo chão.
Voltei ao quarto, dei uma última olhada para Eduardo e sussurrei:
Eu te amo, muito mais do que pensei ser capaz, mais ainda do que poderia sequer imaginar vir a amar, por isso mesmo preciso ir, não tenho forças para vê-lo me dispensar, da mesma forma que não tenho o direito de fazê-lo infeliz, você merece uma mulher menos complicada do que eu, eu preciso ir ao encontro de mim mesma. Não vou conseguir fazer você feliz meu amor enquanto não conseguir vencer meus medos. Me perdoe se puder.
E fui embora.
Lágrimas brotaram em meus olhos e não consegui segurá-las. Não sei nem como consegui dirigir até em casa. Cheguei, terminei de arrumar minhas coisas. Não dormi. Pela manhã, tomei outro banho, me vesti, peguei minhas malas e fui embora. Não disse a ninguém para onde ia, queria ficar sozinha, precisava pensar. Dei a Eduardo o que ele queira de mim. Meu corpo. Agora ele conhece a mulher que chamou de fria, e agora eu conheço o que é foder como se não houvesse amanhã. Agora não preciso ficar pensando se teria sido bom, porque sei que foi, e que é. Mas o que começa errado, não tem como dar certo.
Segui para o Rio de Janeiro, e fiquei lá por quinze dias, depois voltei para minha casa em Salvador. Todos tinham ordem de dizer que eu havia viajado e que não sabiam para onde. Passei todos esses meses dentro de casa, para ser franca, dentro do meu quarto, nem para fazer as refeições eu descia. Sei que Eduardo esteve aqui diversas vezes, foi até minha casa de praia, ligou para meus filhos, ainda me lembro do dia em que Junior me ligou.
─ Oi mamãe.
─ Junior, aconteceu alguma coisa? Judith e as crianças estão bem?
─ Conosco está tudo bem, mas e com você? O que aconteceu entre você e Eduardo?
─ Não aconteceu nada. Apenas não deu certo.
─ Então porque ele está tão desesperado atrás de você?
─ Junior meu filho, para quem teve um homem como seu pai na vida, é muito difícil aceitar um outro homem, porque por mais que não queira, acabo sempre fazendo a comparação.
─ Mamãe, sei que você amou papai, que foi muito feliz com ele, mas honestamente, nunca vi seus olhos brilharem para o papai, como vi para o Eduardo.
─ Junior, Eduardo foi minha paixão de adolescente, digamos que o Eduardo que conheci na adolescência não tem nada a ver com o Eduardo adulto.
─ Ora mamãe. Ninguém é. Você não é a mesma de quarenta anos atrás. Eu não sou o mesmo de vinte anos atrás. Todos mudamos mamãe, crescemos, amadurecemos, a vida nos prega muitas peças. Graças a Deus, eu tive pais maravilhosos, cresci num lar repleto de amor, carinho e compreensão, mas nem todas as pessoas têm a mesma sorte.
─ Tudo bem meu filho. Mas acabou e não quero mais falar sobre isso. E por favor, se Eduardo voltar a lhe procurar, continue dizendo que não sabe onde estou.
─ Não concordo com você mamãe, acho que você está errada, mas vou respeitar sua vontade. Eu te amo mais que a vida. A sua benção.
─ Também te amo mais que a vida. Deus te abençoe meu filho.
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UM AMOR MADURO
RomanceAlma gêmea existe? Você acredita em alma gêmea? Para Julia, alma gêmea não existe. Julia e Eduardo, conheceram-se na adolescência, tiveram uma paquera por três anos e depois se perderam. Quarenta anos se passaram até que quando menos se esperava v...