Capítulo 19 JULIA

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Depois que Eduardo saiu me encostei-me à porta, e fiquei pensando se me excedi com as coisas que falei e da forma que falei. Mas não me arrependo. Tirei um peso dos meus ombros, aliviei minha alma. Passei anos me sentindo rejeitada, inferior, humilhada. Acho, não, tenho certeza de que procurei ser a melhor em tudo que fazia aprender cada vez mais, me dedicar a várias coisas, aprimorar meus conhecimentos, tornando-os cada vez maiores.

Inconscientemente, estava na verdade, querendo não mais ser inferior, não mais ser preterida. Fui uma ótima esposa, companheira, amiga e amante para meu marido. Sou uma excelente mãe para meus filhos, e uma avó amorosa para meus netos. Profissionalmente, alcancei o topo, sou respeitada e reconhecida. Aprendi vários idiomas, tocar vários instrumentos, dançar vários ritmos. No fundo, tudo isso, para mascarar e sufocar a rejeição da minha mãe e da minha paixão da adolescência.

Acho que agora finalmente, posso virar a página e seguir em frente. Por mais que ame meu trabalho, vou pedir minha aposentadoria. Não sou rica, mas tenho uma situação financeira confortável. Meus filhos já têm suas vidas, não dependem mais de mim, meu marido morreu, então chega de me desgastar, chega de horários e responsabilidades em excesso. Vou viver o que ainda me resta de vida. Vou viajar, vou me dar o direito até mesmo de amar e ser amada.

Dizem que sonho é um aviso, se for, vou seguir o conselho que Marcio me deu naquele sonho que foi tão real. Vou me libertar me permitir encontrar a tal alma gêmea que está por aí em algum lugar, embora eu continue a não acreditar que exista.

A semana voou, trabalhei feito uma louca, Eduardo ligou várias vezes, mas eu estava sempre ocupada. Recebi todos os recados, mas como não tinha o número de seu telefone, não tive como retornar. Bom, até tinha. Era só ligar para a Meg que ela pegaria com o Rogério, mas eu não quis fazer isso, essa é a verdade. Eduardo se quiser que corra atrás.

Eduardo acabou de ligar, ele está querendo sair amanhã, mas tenho o bendito jantar de aniversário do Toni. Eu poderia levar o Eduardo, mas não quero fazer isso. Ele não é nada meu, e poderiam tirar conclusões precipitadas, e não estou a fim de ser motivo de comentários, desnecessários.

O jantar foi a mesma chatice de sempre. As mesmas pessoas, os mesmos papos, as mesmas piadas sem graça. A única novidade foi Marco Aurélio que resolveu dar em cima de mim.

Estou em frente ao espelho, olhando minha imagem, depois de pronta. Estou nervosa. Rose avisou que Eduardo já chegou. Coloquei um vestido lápis preto, que modela meu corpo, sem que seja vulgar. É simples, bem simples na verdade, liso na frente com gola alta, bem cavado nos braços, deixando meus ombros nus. O detalhe está no decote nas costas, em forma de gota que deixa minhas costas nuas. Sandálias pretas, saltos altíssimos, que deixam meus pés bastante expostos. Meus cabelos em um coque bagunçado, meus tradicionais brincos de diamante, pouca maquiagem, como de costume e para completar, uma bolsa de mão, também preta. Respirei fundo. Seja lá o que Deus quiser.

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