Alma gêmea existe? Você acredita em alma gêmea?
Para Julia, alma gêmea não existe.
Julia e Eduardo, conheceram-se na adolescência, tiveram uma paquera por três anos e depois se perderam. Quarenta anos se passaram até que quando menos se esperava v...
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Desde Vegas que Eduardo está estranho. Estou sentido que ele está distante, seu olhar nos últimos meses mudou. Nas minhas últimas férias, quando fui visitar minha mãe e nos reencontramos, primeiro vi surpresa, depois desejo, apenas desejo. Quando ele quis me beijar naquele churrasco, e eu lhe disse "não", passei a ver, desafio. Mas depois do dia que ele veio me procurar, de eu falar tudo que sentia e queria, e ele me pedir perdão, o que vi foi um misto de admiração e arrependimento.
Quando saímos a primeira vez, foi admiração e deslumbramento. Mas, depois que nos beijamos, não sei dizer. Vejo desejo, vulnerabilidade, medo, insegurança e mais alguma coisa que não consigo definir o que seja.
Já faz seis meses que estamos nos vendo. Não posso rotular de "ficar" ou "amizade com benefícios", porque apenas andamos de mãos dadas, saímos para ir ao cinema, teatro, dançar, restaurantes, ficamos em casa, assistindo algum filme, ou simplesmente conversando.
A única intimidade que temos é nos abraçarmos, beijarmos e dormirmos abraçados, quando viajamos. Sei que Eduardo quer fazer sexo comigo, sinto sua excitação quando me abraça, ou beija, ou quando dormimos de conchinha, mas, ainda não confio nele.
É maluco demais, eu sei, também fico excitada, também quero estar com ele, fazer amor com ele, mas, sei também que no momento em que ceder, será nossa despedida. Não me pergunte por que, eu simplesmente, sinto. Sei que estou sendo estúpida. Tenho consciência disso. Mas, é mais forte que eu.
Estou muito apaixonada por ele. Apaixonada é pouco, estou amando. Isso mesmo. Eu amo Eduardo, mas, isso não significa que tenho de ceder. Sei que quando ele tiver o que quer, ele vai embora, e, eu vou sofrer como o diabo. E, se eu me entregar a ele, será muito pior. Não posso me permitir ser usada e descartada como um papel sem utilidade.
Minhas novas férias estão chegando, vou viajar. Um mês longe de Eduardo. Um mês para colocar meus pensamentos em ordem, para pensar o que fazer com a minha vida. Já dei entrada na minha aposentadoria, provavelmente, depois das férias eu nem volte a trabalhar mais.
─ Doutora, o doutor Eduardo chegou. Disse Rose, entrando na minha suíte.
─ Obrigado Rose, diga a ele que já vou descer.
Eduardo estava na varanda, apoiado no parapeito, olhando o mar. Estava com uma calça jeans desbotada e uma camiseta preta de mangas curtas. Como sempre, maravilhoso. Parecia estar com o pensamento longe. Aproximei-me devagar.
─ Oi
Ele virou-se, olhou em meus olhos, deu-me um selinho.
─ Oi Vida. Disse.
─ Aconteceu alguma coisa? Perguntei.
─ Não. Estava apenas olhando o mar.
De repente, Eduardo aproximou-se mais de mim, tocou meu rosto com as duas mãos, olhando-me com aquele olhar que não consigo decifrar. Porque e de que Eduardo teria medo e insegurança?
