Capítulo 11 JULIA

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Passei o resto do dia em meu quarto, chorei, me lamentei, xinguei, esbravejei, para quem e contra quem, não sei, mas, acho que era para mim mesmo. Aproveitei para arrumar minhas coisas para amanhã. Chamei José, que é o motorista que contratei para servir minha mãe, quando estou aqui e não quero dirigir ele me serve também, ele é meu funcionário, assim como, o carro que ele dirige, é meu. Combinei com ele para sairmos às 08h00m.

Como a porta da varanda do meu quarto estava aberta, pude ouvir a conversa que estava rolando lá em baixo. Confesso que dizer que fiquei horrorizada é um termo forte demais, mas fiquei abismada com o que ouvi a respeito do Eduardo. Tão logo subi Sergio, Nando e Ricardo, chamaram atenção do Eduardo por ele ter tentado me beijar, mas Regina entrou numa de defendê-lo, e ainda me chamar novamente de puritana. Martinha por sua vez, explicou a eles o meu posicionamento em relação à demonstração de afeto, e o que um beijo pode significar para mim. Depois disso, Eduardo foi embora. Mas a conversa continuou, e foi aí que me abismei. O diálogo basicamente se deu entre Regina, Sergio e Ricardo.

─ Vocês estão fazendo uma tempestade em um copo de água, um beijo é simplesmente um beijo, troca de salivas, nada mais. Acho gozado é que o Edu fica correndo que nem um cachorrinho atrás da Julia, desde que ela chegou, e ela nem dá a mínima para ele, é como se ele não existisse, enquanto que estou aqui, sou mais bonita, mais jovem, gostosa e tenho certeza, melhor de cama que Julia, doidinha para dar para ele, e ele me esnoba. Disse Regina.

─ Regina, dê graças a Deus, pelo Edu estar lhe esnobando, ou melhor, esnobando não, estar se recusando a lhe comer. Disse Sergio.

─ Porque você diz isso?

─ Se Eduardo está agindo assim com você, é sinal que está tendo consideração e lhe respeitando. Disse Nando.

─ Como assim?

─ Regina, conheço Edu a vida toda e mais seis meses, Edu não fode a mesma mulher duas vezes, isso só aconteceu com a esposa dele. Se Edu tivesse lhe comido, teria sido uma vez só, e quando acabasse ele lhe mandaria embora, o máximo que ele faria, seria chamar um taxi para lhe levar para casa. Com ele, não tem flores, jantar, ir a casa dele, e muito menos, dormir com ele. Ele pega, come e manda embora. Ou seja, mulher para Edu, é objeto descartável, usa e joga fora. Então, se ele não levou você para cama, por mais que você esteja se oferecendo, é por respeito e consideração. Disse Ricardo.

─ Então, vocês estão dizendo que ele está tendo consideração comigo, mas não teve com Julia? Por que é notório que ele quer comê-la.

─ Julia é outro departamento. Julia é a paixão de adolescente de Edu, é a garota que ele nunca teve, é a garota que ele perdeu por burrice. E o que ele quer com Julia, é justificar os atos dele no passado, e aquele beijo, ou quase beijo, está entalado na garganta de Edu, há mais de quarenta anos. Concluiu Ricardo.

─ Se Julia der uma chance a Edu, e Edu, der uma chance a Julia, será a história de amor mais bonita que você já viu. Porque eles se amam, muito, e não sabem. Tenho comigo, que eles vieram nessa vida para ficarem juntos, mas ambos precisavam amadurecer, e essa distância, essa separação por mais de quatro décadas, era necessária para que eles alcançassem esse nível de amadurecimento e de conscientização do que seja amor verdadeiro. Julia disse que se existe alma gêmea a dela está solta por aí ou ainda não encarnou. Pois eu digo para você. Edu é a alma gêmea de Julia e Julia é a alma gêmea de Edu. Sentenciou Sergio.

Enquanto ouvia o que Ricardo e Sergio diziam, não pude deixar de me emocionar, mas não acredito no que eles falaram. Acredito sim, que Eduardo iria insistir até conseguir me levar para cama, e quando conseguisse, faria exatamente a mesma coisa que faz com todas as outras. Mas enfim, como não vou vê-lo mais mesmo, isso não irá acontecer.

UM AMOR MADUROOnde histórias criam vida. Descubra agora