O Sagitário De Samech

11 - Elias

- Acho seus avós o máximo. Queria dois tão nitro quanto os seus!

- Nitro?

- É, nitro. Do que você mais gosta?

- Armas, desenhos, e... Sorvete. O que quer dizer "nitro"?

- Mais do que bom, melhor que mais ou menos, beirando a perfeição! Você disse "armas"?

- Sim. Como assim?

- Você não sabia que seu avô guarda a caixa de ferramentas negras e o Livro da Evolução? – disse o menino, procurando avistar os caramelos.

- Não, eu nem sei do que está falando.

Esse livro está no prédio mais misterioso da cidade, e seu avô possui a guarda dele. Pode acreditar, é o livro mais importante que existe aqui. Tem um pouco de tudo: segredos, passagens, receitas, magias, superstições antigas, técnicas de como criar vários tipos de limo galvanês. Já a caixa de ferramentas... É sem dúvidas algo que onze em cada dez eivarinos adorariam possuir em casa. Elas são absolutamente, completamente... Infinitas!

- Galva o quê?

- É limo, só que galvanês haha! – Elias percebeu que não fez uma boa piada. – Mas ninguém pode ver esse livro, só o seu avô.

- Legal! Seja lá o que signifique.

- Vou te dizer uma coisa, seu avô pegou os sacis que iam me transformar em pó de pétalas!

- Calma aí. Você ainda não falou direito sobre a tal galva...

- Eu disse limo galvanês. Os Sacis da toca têm garras enormes, são seres pequenos com dentes pontudos. E eles falam demais!

Anabel não estava entendendo absolutamente nada. Não entendia se a linguagem era mesmo tão estranha ou se ele estava fazendo-a de boba. Ele falava mais rápido:

- Sacis da toca moram em tocas abandonadas. Os sacis Pererês são os mais famosos, e por não conterem seu desejo por cachaça, acabam engarrafados aqui em Eivar. Os Tererês se extinguiram com o tempo, seu fraco era açúcar. Sacis da toca são reservados e agressivos. Não é nitro. Eles odeiam crianças e tem sempre um saco com pó de pétalas.

- Pétalas? Nada de gorros ou cachimbos?

- Transformam crianças em pétalas de rosas viscosas e perfumadas. Não passam de seres maléficos e estão sempre criando algum tipo de confusão por aí. Há dois meses quase fui transformado por eles. Se não fosse pelo senhor Alex, claro.  Eu não conheço garotas na sua idade que gostem de armas. Você é normal?

- Sim, armas. Mas nada de coisas muito pesadas. Eu fiz um arco uma vez, mas acabaram as madeiras para fazer as flechas. Como foi o seu "terrível encontro"?

- Eu o vi na floresta e o acertei com uma pedra – respondeu o garoto com um sorriso largo e orgulhoso. – Foi um ato de coragem!

- Floresta?

- Sim, na floresta dos sacis. Você repete tudo o que lhe dizem?

- Eu?

- Certo, tenho um presente para você.

- Que legal! – Anabel imaginou que iria ganhar algo interessante. Podia ser um canivete suíço, já que ele tirava algo no bolso. canivetes eram legais, e brilhavam.