- Para onde o pórtico nos trouxe? - Estranhou Ana.
- Já vim aqui antes e conheço o morador desta casa velha. Só não sei se ainda mora nela.
Elias não exagerava. Era realmente uma choupana velha, e parecia que ninguém vivia ali. As duas janelas, à esquerda e a direita da porta, estavam fechadas e não se tinha ideia do que ou quem podia estar no interior da casa. Numa placa quadrada, feita à mão, acima da porta lia-se "volte, temos furões raivosos!". Elias empurrou a campainha, um botão secreto, uma mosca falsa que quase não se percebia do lado da porta. Aquela estratégia funcionava com alguns credores que apareciam periodicamente. Então ouviu-se uma voz gutural e sombria de monstro ecoar no interior da estranha habitação, como se fosse uma grande mansão assombrada:
- Teeeeem geeeeennteeee na pooortaaaa!
- O que foi isso? - Perguntou a menina no momento em que a porta abriu. Lá de dentro surgiu alguém com uma cara que parecia morto de cansaço. Um rapaz não muito alto. Seu cabelo estava bagunçado, e a barba por fazer. Pelo jeito ele não era muito dado a arrumações, ou talvez não tivera tempo. De qualquer forma, o fato era que Ana nunca tinha visto alguém tão branco, ele precisava de sol urgentemente; parecia um vampiro suspeito!
- Cedro! – gritou Elias, um pouco mais alto do que o necessário. – O que aconteceu com sua motocicleta?
- Olá Elias, pequeno depósito de sardas – disse ele, surpreso.
- Sardas? Isso é bullying!
- Bom dia para você também! Eu não sei, acho que o castor Maurinho me roubou. Ele me insulta pelo telefone. Isso não é nada social, mas é verdade – Cedro parecia confuso, olhando para os lados. Enquanto uma franja insistia em tapar-lhe o olho esquerdo - Cada dia que passa eu me sinto mais rejeitado por essa cidade e por todos os habitantes do mundo. Quem é a garotinha?
- O nome dela é Anabel, neta do senhor Alex. Veja Ana, ele é o cedro que restou no campo dos cedros. Deixou um castor de meio metro te roubar? Você está com problemas?
- Ah, sim! – disse o rapaz segurando a mão de Ana e parecendo não ter ouvido Elias. – É um prazer conhecê-la, uma menina crono-pluvial. Eu me chamo Cedro, mas o fato de estar aqui é uma coincidência. É tão engraçadinha quanto falaram. O que faz com esse rapaz que cria tão infames trocadilhos?
- ??
Anabel sorriu, mas algo parecia estranho. Ela de repente sentiu como se já tivesse visto aquele adolescente em algum lugar.
- Não estou com problemas, só não durmo há oito dias e meio – disse soprando a franja, sem sucesso. – Não vou mais fazer entregas até encontrar a motocicleta. Estaria interessado em um exemplar do "Eivar Esportes" ou de "O Diário de Gilso Tricot"? Tenho umas vinte dúzias aqui.
- Não - Disse Elias. - Cedro, eu preciso saber se você tem um pórtico para nos emprestar.
- Hein? – disse franzindo a testa. - Tenho sim, o meu. Mas por qual motivo vieram à minha casa? E como? Andando?
- Achamos este pórtico aqui, mas ele parece estar mal regulado – explicou o garoto, enquanto Cedro continuava olhando para os lados.
- Como conseguiram este pórtico?
- Bem – Elias não sabia o que diria ao jovem, nem por onde começar.
- Muito simples! - gritou Anabel – Uma mulher que encontramos lá na região do véu noturno trocou conosco por um saco de pó-de-mico, para melhorar um problema alérgico que tenho. Aí quando nos viramos para agradecer, ela sumiu! – Ela falou tão rápido que a velocidade do som saindo de sua boca mostrou-se menor que a de seus lábios e sua língua se mexendo, e os olhos tremendo de um lado para o outro. Os rapazes só vieram entender tudo depois de assimilarem por dez segundos.
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O Sagitário De Samech
FantasyEnquanto monstros antigos são evocados, espectros malignos fogem, bruxas cruéis surgem e magos poderosos tentam se esconder, Anabel está apenas se preparando para o Natal, e suas maiores preocupações são: o que irá comer na ceia, e qual desculpa usa...