26 - Corra Elias, corra!

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Casa de Jehanne e Elliot Collins, 16h06min. Tempo ruim para texugo!

- Nossa, onde será que o maluco do Eliot se meteu?! – perguntou a mulher preocupada. Elias fingiu não ouvir das outras cinco vezes.

- Eu não sei tia Jehanne, eu não sei. A senhora pode me dar mais desses bombons agora? Os recheados com rum são deliciosos!

- Quantos vai querer, Eliazinho?

- Três! Nunca havia comido bombons caseiros. São maravilhosos! – disse o garoto antes de abrir sua grande boca e jogar um bombom inteiro dentro. Ambos estavam sobre grande cama da mulher, jogando damas, enquanto Anabel dormia como uma pedra ao lado. Às vezes Elias tentava empurrá-la de leve, sem sucesso.

- Mas saiba que esse é o seu limite, espertinho. Agora vai ter que ganhar outra partida!

- Eu vou ganhar, e depois a senhora terá que me ensinar a jogar xadrez!

- Você é muito atrevido! Vamos ver o que pode fazer, garotão!

Se Childa visse aquela cena, provavelmente ficaria admirada com a capacidade de interpretação do sobrinho. Jehanne agora parecia mais interessada em jogar damas do que em achar o marido. Desaparecer devia ser um costume do homem, Imaginou Elias. Era melhor para ele que fosse.

- A senhora tem gatos?

- Não.

- Cães?

- Não, por causa dos hóspedes.

- A senhora tem filhos?

- Sim, eu e Eliot temos uma garota – disse a mulher sorrindo.

- Huum – fez o garoto, comprimindo os lábios e arregalando os olhos. - E qual o nome dela?

- O nome dela é Eva. E você perdeu!

Elias começou a arrumar novamente as peças do jogo. Já estava ficando dificil.

- E onde está ela? Ela não gosta de jogar?

- Adora – assegurou a criatura rosada. - E joga bem melhor que você. Mas neste ano ela está... Huum... Como posso dizer...

- Doente?

- Não. Eva tem uma saúde de ferro. Digamos que neste ano, depois de seu décimo sexto aniversario, Eva resolveu ter um ataque de rebeldia. Tudo por culpa das influencias, claro. Influências são tudo o que pais não precisam!

- Hum?

- Você provavelmente ainda vai passar por isso, mas eu sinceramente desejo que não aconteça. Eva pela primeira vez resolveu viajar sozinha. Ela insistiu bastante, chegou a brigar com o pai. Até que conseguiu satisfazer sua vontade.

- Eu poderia ver uma foto dela?

- Claro querido - disse a mulher de forma doce. - Acho engraçado isso... Pela primeira vez Eva não está conosco num fim de ano. Então vocês dois aparecem.

Elias não entendeu o que a mulher quis dizer.

- Agora não vou mais ficar sozinha no Natal!

- Ahhhh, claro, sim é verdade!

- Só um minuto, querido - O menino esperou o momento de Jehanne buscar a foto da filha, e imaginou mais uma vez um azarado Eliot nas mais inusitadas situações que poderiam se suceder onde quer que estivesse. Ele poderia ter ido parar num lugar habitado por canibais, animais ferozes, sacis, vacas com dieta de humanos, ou até extraterrestres. Não havia como prever o destino dele e a cada minuto que passava, porque havia mais monstros na cabeça de Elias do que nas Ilhas Malditas.

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora