31 - Rua das Festas

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Thiar tentava abrir a caixa, mas percebeu que aquela não parecia ser uma caixa de fósforos comuns. Era mais uma invenção de Childa, Uma caixa de fósforos à prova d'água e fogo que só ela sabia como abrir.

- Minha irmã deve saber como te tirar daí.

- Eu quero sair! Agora!

No meio daquela situação a campainha tocou:

- Bleeeem!

Thiar andou lentamente para atender a porta, deixando a pulga resmungando mais alguma coisa com sua voz agudíssima e um pouco irritante.

- Bom dia, Senhorita. Sei que é um horário meio impróprio, já que a noite foi longa, mas venho aqui para pedir que compareça comigo à casa do eremita Mud – era Erasmus, como Thiar deduziu; alguém com mais noticias.

- Desculpe o incômodo, mas é urgente. Temos que discutir algo, e sua importância é crucial nesse momento. Há uma reunião ocorrendo entre alguns membros do conselho, em sigilo.

- Em sigilo?!

- Sim.

Quando Thiar chegou à casa do eremita, percebeu que,  além da casa estar praticamente vazia de moveis, ali havia mais quatro pessoas: Mud, Erasmus, Érica Sedwiz e Hélio Lívio.

- Eu vou diretamente ao assunto – disse Erasmus com a voz ainda trêmula. – O que estamos tentando discutir aqui é apenas o comportamento de Alex.

- Como assim? – estranhou Érica.

Mud fez com que todos sentassem, e depois ele mesmo sentou. Erasmus prosseguiu:

- Não sei se todos aqui estão cientes, mas o motivo por ele ter se tornado o guardião do livro da Evolução, algo que lhe dá uma posição honrada entre nós, foi por causa do que aconteceu a trinta anos atrás.

- O que? Perguntou Thiar, tentando manter os olhos bem abertos e disfarçar a sonolência.

- Bem, o que ocorreu há trinta anos foi algo que marcou a historia recente dessa cidade, uma crise terrível que teve graves consequências posteriores. Eu lembro perfeitamente, eu lembro!

- Lembro também! – disse Lívio. - Alex e eu éramos amigos, desde esta época... Éramos considerados delinquentes. Delinquentes e lunáticos! Conhecíamos magia, sabíamos de tudo um pouco, e não sabíamos nada. Expulsos do mundo civilizado dos almofadinhas que iam para a academia. Bons tempos de balburdia aqueles.

- Bom, pelo visto você lembra – retomou Erasmus. – Acho que vocês, Érica e Thiar, nem eram nascidas nessa época.

- Não! – disseram as duas ao mesmo tempo.

- Com certeza não. Mas tudo o que aconteceu foi que um homem, um sujeito com aparência de um velho mascate, de viajante ou algo do tipo, passou por aqui. E quando foi embora, deixou uma maldição.

- Uma maldição? – Perguntou Érica, bocejando.

- Sim. Essa maldição estava trancada numa caixa, e quando esta caixa fosse aberta a maldição escaparia e se espalharia pela cidade. Essa era a ideia do tal viajante.

- E por que ele fez isso? – perguntou Érica, bocejando novamente.

- Por puro sadismo. Acontece que esta tal maldição eram dois Elementais.

- Elementais? Numa caixa? – perguntou Thiar. Por um instante ela lembrou que havia Saído e deixado a pulga Mul presa na caixa.

- Sim, Elementais – agora Mud, que se mantivera calado, tomou a palavra. - Os espíritos com poder especifico. No caso destes, o poder era transformar tudo em fogo. O problema é esses Elementais só se aproximavam das crianças... Logo tínhamos um monte de crianças involuntariamente incendiarias na cidade!

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora