35 - A visita

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- Sete e meia, querida – disse Laura, acordando a neta com um beijo.

- Huuuum... Bom dia! – respondeu a neta enquanto se esticava. Naquele momento, ao ver a avó com um avental branco estranho e apertado, o que deixava a mulher com uma leve aparência de vela, Ana lembrou que faltava pouquíssimo tempo para seu aniversario.

- Eva também vai? – perguntou a garota, deixando Laura com uma cara de surpresa.

- Já a conheceu? – admirou-se Laura.

- Não. Mas sei que ela está aqui!

- Ah, entendo. Você deve ter conversado com Leila...

- Também não, vovó.

- Então o que é?

- Eva é a garota do meu sonho.

- Eva sofreu por sua ingenuidade. Mas está tudo bem. Só não se pode dizer o mesmo a respeito do pai dela. O pobre professor Eliot foi visto nas proximidades do monte Ararat, e isso é bem longe! Ele até agora não voltou. Sua mulher parece estranhamente conformada com a situação. Desconfio até que não seja a primeira vez que algo assim acontece.

- Anabel engoliu em seco.

- Então vou logo dizer que seu avô saiu hoje cedo, muito cedo.

- Ele saiu? Pra que?

- Alex é muito teimoso. Estava lendo o texto que Leila havia lhe entregado.

- Fui eu quem deu a ela. É o sonho!

- Alex saiu e quando voltou, disse apenas que havia ido até a Índia. O que ele foi fazer lá?

Anabel levantou, começando a se arrumar.

- Preciso falar com ele!

- Está lá embaixo, mas antes, você deve escovar os dentes e tomar café! Lembre-se que vamos visitar seus pais. E respondendo à sua pergunta: não. Eva não poderá ir, pois está ainda muito fraca. Vamos deixá-la sob cuidados e tratamento médico.

- Certo! – disse Anabel saindo novamente do quarto e descendo às escadas. Alex se encontrava sentado numa das poltronas verdes, com um pequeno livro nas mãos.

- Vê? – disse ele, mostrando o livro a Anabel. – Este pequeno livro foi a causa de tanta confusão. Responsável por muitas coisas, tanto boas como ruins. Não exatamente pelo fato de ser o que é, mas pelo fato de que a ganância dos homens não tem pudor, regras, ou mesmo limites.

- É? – perguntou Ana, achando estranho o que Alex falava. Afinal, era apenas um livrinho, com uma rústica capa de couro, menor e com menos páginas do que uma de suas histórias em quadrinhos!

- Sim, querida. Olhe bem para ele. Ao contrário do que muitos pensam, não é um objeto de precisa ser adorado ou temido. Não é o livro que é importante, mas sim o que ele representa. Deixando de lado a questão de encantamentos e profecias, o livro da Evolução é antes de tudo, a prova de que nós sempre preservamos nossas boas relações uns com os outros, assim como preservamos as prescrições dele. Nossa família foi responsável por isso e você é a próxima. No futuro, na ausência de sua mãe e na minha, você é será a guardiã.

- Eu? – Anabel se sentiu um filhote de camundongo naquele momento. Diante de tudo o que Elias havia lhe falado, chegou a pensar que o tal livro fosse apenas uma espécie de invenção do garoto sardento. E só agora percebia que havia cometido um engano.

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora