18 - Por onde vocês andaram?

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- Ei, eu não pedi para vir pra cá, vou levar uma bronca! – protestou o menino.

- Você mora aqui?

- Sim, mas quando eu saí a casa ainda não tinha esta decoração... Hááá! – o menino soltou um grito, pois uma estranha mulher de preto, magra e alta como um bambu se aproximava dele. Ela segurou o Elias pelo braço. Tinha uma verruga enorme no queixo. Anabel Lembrou da velha do milho.

- Senhor Elias...

- S-Sim?!

- Por acaso fez o dever de casa? Fez o trabalho de casa? Está estudando em casa?

Elias engoliu em seco.

- Senhora Zulb e-e-eu acho que estamos em período de férias, não é?

- Huuum, brilhante observação – disse ela, se afastando com um sorriso estranho – mas é bom estar sempre alerta, pequeno Elias! Não quero que vá para a recuperação... Eu não seria tão... Misericordiosa. Novamente!

- O que a senhora faz aqui? – perguntou o menino, mas a mulher já havia desaparecido com seu pórtico. – Os professores de Eivar estavam trabalhando demais.

Lá estavam as lâmpadas coloridas decorativas. Elas lembraram Anabel da arvore de Natal da Srta. Teles. Podia se dizer que Ana estava com um pouquinho de saudades daquela arvore, e de poder montá-la junto com suas "irmãs". Era muito cansativo, lógico, porém quando terminavam e ligavam as lâmpadas, quando a arvore ficava finalmente pronta, tornava-se motivo de orgulho para todas. O céu estava com um tom azul claro, sem muitas nuvens. Elias correu em direção à porta, espancando-a desesperadamente. Poderia ser uma reação de pânico tardia aos seres que havia visto no caminho para encontrar Mud.

- Você não deixou o eremita falar tudo o que sabia!

- Depois.

- Elias, eu não conheço a sua mãe.

- Mãããe!

- Pare de gritar, criança!

- Mamããããe!

Na janela esquerda, bem na direção de Elias, apareceu uma mulher furiosa.

- Elias, seu irresponsável! Onde estava esse tempo todo com a neta alheia? Acha que já tem idade suficiente para sumir sem me dar satisfações? Seu pai não está aqui, mas não é por esse motivo que você pode se considerar o homem da casa! Eu já havia imaginado que o senhor iria sumir no dia da arrumação!

- Mããe, eu estou apertado! Abra a porta!

A mulher sorriu sarcasticamente.

- Elias, eu juro a você que se não tivesse que abrir a porta para Anabel, o deixaria ai fora até amanhã! Mas como eu sou uma mulher extremamente bondosa, caprichosa, amorosa, garbosa, honrosa, corajosa, maravilhosa, generosa...

- Já entendi! Eu preciso entrar!

- Oh céus, eu não encontro a chave.

- Mããe!

A porta se abriu e Elias entrou correndo em direção ao banheiro. Ana ficou parada, esperando o convite para entrar. Quando a viu, a mulher desmanchou a expressão de raiva e adquiriu um sorriso angelical.

- Minha nossa! Você está se tornando uma moça! Da ultima vez que a vi, era apenas um bebezinho careca. Onde meu irresponsável filho a levou?

- Bem – Anabel tentava raciocinar rápido, não sabia direito o que falar, e o olhar da mãe de Elias não a deixava se concentrar. – Eu sinto frio aqui fora.

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora