Parte 2 - Muito alho para pouco vampiro

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"Sem dúvidas é preciso manter a calma neste momento. Por mais que nos acusem de sensacionalismo precisam admitir que o que está para acontecer vai além da nossa própria concepção, tão acusada de charlatânica-jornalística. O mago poderoso está entre nós, havia uma estrela diferente no céu hoje, era a sua carruagem cintilante! Haveria nele, tão vindo de terras distantes, uma ponta de esperança ou seus objetivos seriam obscuros?Arrepio-me só de imaginar o óbvio. Tudo irá mudar, há um evento sem precedentes prestes a começar aqui. E quem está a salvo? Quem? Eu lhes respondo. Mas primeiramente precisam comprar nosso periódico para ficarem sempre informados!"

( O Diário de Gilso Tricot. Ed N. 3475895, de 21 de Dezembro)

- Como assim, essa menina a atacou? - perguntou Alex, sem acreditar, quando a Srta. Teles contou-lhe a história de Miriam, esclarecendo tudo o que realmente ocorrera naquela manhã. Alex, Laura, Teles, Julia, e Zelda Já tinham procurando Anabel pelas redondezas, sem sucesso. Feirantes confirmavam o avistamento das duas crianças e a velha do milho acrescentou que Ana puxava pela mão um garoto assustado e sardento (só deu a informação após Laura comprar milho na barraquinha dela). Todas as testemunhas, no entanto, terminavam com a mesma frase: foram em direção ao banheiro abandonado, aquele ao lado do supermercado da esquina. E de lá não a saíram.

- Sim, senhor Alex. Essa menina malvada permaneceu no quarto com Ana, por algum tempo, segundo Julia. Depois disso, eu não sei como ela foi embora.

- E quando nos ligou, essa estranha garota estava por aqui? - perguntou Laura.

- Hein? Eu não me lembro de ter feio isso. Tem certeza que fui eu quem ligou?

Alex e a mulher se entreolharam.

- Claro que sim - confirmou Julia. - eu estava junto. Não lembra?

- Não - disse Teles sem expressão. - Eu não lembro.

- Srta. Teles - interrompeu-as Alex. - Poderíamos ver o quarto em que Anabel esteve pela ultima vez?

- Sim, podem ir. Julia, leve-os até lá. Eu vou acompanhar Zelda até a porta. Pela cara dela, acho que está querendo ir.

- Não é isso - sorriu Zelda, um sorriso amarelo. - Eu realmente não me sinto bem, Tenho que descansar um pouco, e o pior é que não me lembro muitos detalhes dessa tal menina. Sei que soa esquisito, mas é a verdade. Esse pó sonífero esquisito...

- Certo, eu mandei todas as outras lá para cima. O senhor sabe o caminho, não é?

- Sim.

Alex e Laura seguiram em direção ao quarto, pisando firme nos tacos soltos do assoalho do corredor, fazendo-os tremerem mais que de costume, a ponto de voar de seus lugares. Eles nem repararam na penumbra brilhante que as janelas formavam àquela hora no chão sem lustre, assim como não perceberam o céu nublado e feio, como numa tarde sem graça de julho, mês que Ana particularmente não gostava. Julia, que por acaso havia nascido exatamente neste mês, e que ao contrário da outra gostava do referido mês devido a este detalhe, girou a chave e empurrou a porta levando-os até o antigo lugar; base para os sonhos e devaneios da neta. Havia um cheiro de incenso no ar, mas como algo abafado ou mofado. Alex também sentiu um cheiro de queimado, mais fraco, mas ainda perceptível. Era algo que conhecia muito bem.

- O jovem Elias esteve aqui, certo pequena?

- Sim, sim - respondeu Julia, com sua formal cara de susto.

- Como ele entrou?

- Só existe um modo, e é pela janela. Mas não vi quando ele entrou, moço.

- Interessante - disse Alex, enquanto a garota ainda tentava balbuciar mais alguma palavra e Laura observava panoramicamente cada canto do quarto. O homem acabou abaixando-se e retirando uma caneta do bolso interno de seu sobretudo. Com ela, Alex colheu um pouco do visgo amarelo que notara no chão bem naquele momento.

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora