- Argh! – Alex deu um pulo na poltrona. Pareceu ter levado um choque oriundo do assento.
- O ciclo não foi quebrado, vovô. E a Eva não é um caminho, entendeu?
- Pelo cajado de Óferes! O que está dizendo?
Anabel sorriu:
- Sim, Eva não é um caminho. No sonho eu era a Eva e via o Cedro, Elias era a Júlia e me via. Era isso que não estava certo, pois eu não entendia que éramos os observadores dos sonhos!
- Minha nossa. Por meus poucos cabelos, você tem razão! E então os caminhos foram mantidos. E agora eles continuarão com...
- Com...
- Com o maldito Cedro?!
- Haha! – Anabel não conseguia parar de rir. Provavelmente era a cara que o avô fazia. Alex permaneceu com os olhos arregalados. Naquele momento percebeu algo de novo no ciclo; que talvez não fosse tão frágil quanto ele pensara antes.
- Vovô, acho que ele só estava assustado, ele não parece ser ruim. Temos que encontrar ele de novo, não acha?
- Infelizmente, você está certa.
- Chega! – gritou Laura. Os outros dois olharam assustados para a mulher. – Eu não aguento mais essa maldita historia! Parem de falar sobre esse mago dos infernos e sobre como ele tornou nossa vida uma loucura. Vamos viver como uma família normal! Deveria estar aproveitando a companhia dos outros e de sua neta, mas tudo o que você, Alex, consegue pensar é nesse maldito ciclo e nesses malditos magos! Lembre-se do pobre Orejas, e dê graças por não estar no lugar dele!
- Tudo bem, querida, tudo bem – apavorou-se Alex.
- Afinal, vai me contar o que houve ou não? Ou você pensa que acreditarei numa história sem pé nem cabeça, de que Anabel sozinha capturou o monstro e correu como uma bala, antes que alguém pudesse lhe perguntar alguma coisa? A mim você na engana, Alex Colt!
- Bem, querida, é claro que foi isso – Alex começou a coçar o nariz. – O Sagitário ficou aprisionado no zae. Levei-o de volta para Samech, liberando-o junto com o medalhão. O zae está aqui – disse Alex, apontando para o andar de cima. - Obviamente, foi o zae deixado por Tamara e Pierre para Ana. Eu não podia perdê-lo, mesmo que tivesse de arriscar a vida. Foi a realização de uma velha profecia. Foi algo que não se pôde impedir e...
- Profecia? – Estranhou Ana.
- Você estava preso! Continue, fale logo de uma vez!
- Está bem, eu confesso! Fiz contato telepático com Ana, e a instruí telepaticamente a fazer tudo, mas só até a captura do Sagitário. Sabemos que era a minha única chance não é? Eu estava preso e se houvesse outro jeito, eu teria utilizado. Só não sei o que ela lembra de tudo. Lembra?
- Ana apenas sorriu. Seus avós entenderam aquilo como um sim. Laura não se convenceu:
- Sua telepatia, qual o motivo de ela funcionar agora? – Perguntou Laura, inclinando o corpo na direção dele, tentando ser ameaçadora. - Não acha estranho que durante todos esses anos não tenha tido nenhum contato com sua neta? – Estranhou Laura.
- Eu sei, também é estranho. Talvez a seriedade da situação favoreceu minha concentração. Ou talvez tenhamos tido ajuda do próprio Óferes. Quem sabe? Mas não posso lhe garantir nada. É algo que ainda vou ter que descobrir, assim como vou pesquisar mais sobre esta propriedade do zae de aprisionar seres malignos – disse ele, com o olhar perdido no chão. – Ora, Francamente mulher, eu não posso saber tudo, não é mesmo?!
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O Sagitário De Samech
FantasyEnquanto monstros antigos são evocados, espectros malignos fogem, bruxas cruéis surgem e magos poderosos tentam se esconder, Anabel está apenas se preparando para o Natal, e suas maiores preocupações são: o que irá comer na ceia, e qual desculpa usa...