14 - De volta à Casa Azul

26 11 13
                                    


- Anabel, acorde!

- Hm...

Anabel colocou o travesseiro no rosto. A luz do sol estava forte naquela manhã.

- Vamos já esta na hora, acorde!

- Hã...

- Eu já estou perdendo a paciência.

- Há... Vovó...

- Vamos criatura insuportável, levante logo!

Ana sentia solavancos e beliscões. Algo estava diferente.

- Vamos, sua mini rábula! Ninguém aqui é preguiçosa como você, hora de levantar!

Anabel ergueu a cabeça e abriu os olhos, podia sentir o cheiro de sopa no ar:

- Judite? Judite???

- Pare de ficar repetindo meu nome, sua idiota. Todo mundo acordou tarde hoje, e só a princesinha-bela-adormecida não levantou. Preguiçosa!

Ela olhava ao redor para se certificar de que aquilo estava mesmo acontecendo, e percebeu que sim, mas os gritos de Judite nem a deixavam pensar direito.

- Ande logo! – dizia a baixinha irritante e irritada, uma figura surreal para Ana naquele momento. Judite não era um fantasma, ainda faltavam alguns anos para que isso viesse a acontecer de fato, mas ela realmente estava num dia inspirado:

- Maldição! Alguém se esqueceu de puxar a descarga ontem! Hoje logo cedo eu tive uma surpresa demoníaca. Estou com raiva. Meu dia começou da pior forma possível!

Anabel mexia-se lentamente enquanto a criatura dizia mais algumas palavras ofensivas e desconexas que ela mal escutava. Mal conseguia acreditar que tudo que havia acontecido com ela nos dois últimos dias era um sonho. Seus avós, Elias, e até mesmo a pulga mariachi eram apenas fruto de sua imaginação! Também pudera, tantas coisas absurdas reunidas em um mesmo universo, tinham que ter saído de sua cabeça criativa. Anabel não conseguia abrir os olhos, apenas acompanhou o vulto rosa de Judite. A garota chata ainda gritava em seus ouvidos, e ignorava os sinais de Anabel para que parasse.

Mais uma vez entraram na sala de refeições sozinhas, naquele instante as outras não estavam ali, mas pareciam apressadas por terem estranhamente perdido o horário.

- Você dormiu como um maldito urso panda. Sua sorte é que ninguém liga – dizia a pirralha, cuspindo as palavras.

- Onde está a dona Teles? – perguntou Ana, com a cabeça baixa, prestes a chorar de raiva.

- Como posso saber? Quando acordei, ela já havia saído. Tudo o que deixou foi um maldito bilhete. E, de uma vez por todas, não fale comigo! - Judite parecia realmente enfurecida, saindo sem tomar sua sopa, deixando Anabel sozinha com seus pensamentos confusos. Alguém se aproximou e sentou na cadeira à sua frente.

- Posso sentar aqui chefinha? – perguntou uma garota.

Anabel ignorou quem estava falando. Mantinha a cabeça baixa, encostando a testa na mesa fria.

- Se não quiser comer eu como. É tão bom comer.

Aquela voz... Anabel levantou a cabeça e olhou para aquela garota. Não era um rosto conhecido, nem era alguém que ela já tivesse visto durante os seis anos morando com a Srta. Teles. Era uma garota ruiva, branca como a neve, e alta até demais. Olhava assustada para Ana, com seus dois olhos azuis que lembravam pedras brilhantes, e trazia uma corrente no pescoço que tinha um medalhão dourado, com o desenho de uma daquelas cobras que saem de dentro do cesto enquanto um sujeito magro toca flauta. Coisa típica de Zelda Dipp!

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora