28 - A escuridão

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- Os monteses foram eliminados por sua própria ganância. Estavam prestes a se tornarem o grupo mais poderoso de magos que jamais houve em todos os tempos. Isso já ficou claro no fato de eles quererem se afastar do resto de Eivar e se refugiarem nas planícies ao norte, construindo então aquilo que hoje chamamos de montes de feno, que nada mais é o que uma barreira para desencorajar visitas dos curiosos. Os monteses parecem ter desenvolvido uma mágica completamente voltada para combates, entre diversos encantamentos baseados no ilusionismo. Mas num determinado momento, por indicação dos magos Celsium, o puro, e Abradum, conhecido como "pajem louco", os monteses chegaram ao ponto de evocar uma entidade antiga, provavelmente originaria de Místhat. O resto, nós sabemos bem - Orejas explicava a Thiar uma historia obscura, algo que permanecera como um estranho temor para aquele homem. Estavam novamente reunidos no prédio do conselho de Eivar, após o fracasso das buscas iniciais a Alex. Uma reunião urgente para organizarem-se melhor.

- Eu não diria psicótico, mas inexperiente, amigo Orejas... - disse Mud, se aproximando naquele exato momento.

- Como não? Alguém que simplesmente deixa todos os que confiaram nele serem dizimados por uma entidade maléfica? – rebateu Orejas. Ele abaixou a cabeça para observar o pó, na lente do microscópio. – Esse sujeito era um crápula! Sorte a dele ter fugido e desaparecido, pois se tivesse sido pego estaria apodrecendo em Lugar Comum, assim como os espectros.

- Eu não conhecia essa parte da historia.

- Sim, Mud. Foi exatamente o que aconteceu. Mas para alguém que se isola do resto do mundo foi um fim previsível, não é? Os magos monteses, aqueles que foram viver nos montes de feno, não passavam de jovens orgulhosos. O tal rapaz conhecido como pajem era muito mais que eles.

- E você encontrou este pó rosado na casa de Cedro? – Mud reparava o pó rosado que Orejas analisava. – Interessante.

- Sim. Preciso saber se esse pó é o mesmo fabricado pelos monteses, estou tentando detectar alguns tipos de fungo, que são comuns nesse caso. Sinceramente não conheço ninguém que tenha uma outra amostra para comparar de forma mais dinâmica. Talvez só me reste ir ao museu. Mas está fechado hoje, teria de conseguir uma licença especial, Liam talvez possa...

- Não se preocupe. Guardo exemplares dos mais terríveis encantamentos. Posso consegui-lo para você agora! Irei em casa, laboratório subsolo.

- Faça isso Mud. Não sei como agradecer.

- Vou encontrá-lo, não tenha duvidas meu caro!

O eremita desapareceu com o pórtico enquanto Orejas continuava analisando as amostras da substancia rosada. Aquela era a sala de pesquisas, e Orejas era um dos responsáveis por mantê-la, no subsolo do prédio nobre. Ali funcionavam a prefeitura (1° andar), o conselho geral (térreo) e as salas de pesquisa (subsolo), onde algumas substâncias mais raras podiam ser analisadas em sigilo. Sempre que possível. O conselho de Eivar era o centro onde a parte humana da cidade era governada. Havia o grande Salão Branco, rodeado por grandes janelas, e as salas de suporte. Nessas salas estavam documentos relativos aos mais diversos assuntos como nascimentos e óbitos, registros de ocorrências de furtos e outros crimes (não havia ainda uma policia, devido o histórico da cidade e a sua política de zelo), casamentos e aquisições. O que muitos não conheciam era a sala secreta, que ficava 363 dias do ano trancada. Ali estavam registros que precisavam ser mantidos em sigilo.

Claro que havia também a sala do poker e a da televisão de 800 polegadas, para dias de final de campeonato. Mas estas coisas não eram muito divulgadas...

- Certo – disse Erasmus. – Vamos começar a tomar providências mais extremas?

A noite e a escuridão Já estavam começando. Erasmus, Liam, Érica Sedwiz, Sigfried e seu irmão, Jeikinstale, Luiza de Mazda (a ruiva) e Emerson, dentre outros, não tinham conseguido ficar em suas casas. Eram parte do grupo que estava com Alex, momentos antes do avô de Anabel ser levado da casa do eremita. Faziam companhia a Orejas e Laura que além de procurarem pelo pórtico desaparecido, e ainda tinham que descobrir quem era aquela jovem que agora estava no hospital.

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora