36 - Os viajantes misteriosos

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Ao retornarem, a primeira coisa que o velho Alex fez foi subir ao quarto, atrás de mais livros. O avô de Ana Sentia-se seriamente ameaçado de ser expulso dali, pois a mulher não aguentava mais a quantidade de livros espalhados pelo quarto, e que nunca eram arrumados. Sua biblioteca do subsolo era muito grande, tão grande que não havia mais espaço para entrar nela.

Ana sentara-se sobre as pernas dobradas, numa das poltronas, com as paginas do sonho que Elias havia lhe dado, reparando nos garranchos. A porta da rua se abriu e Leila entrou acompanhada de Jehanne, a mãe de Eva. Anabel admirou-se, mas esperava que aquilo fosse acontecer. As duas mulheres cumprimentaram-na, depois Jehanne lhe deu uma caixa com bombons caseiros, feitos por ela mesma.

- Um, aliás, dois corvos trouxeram encomenda para você, deixei na sua cama – disse Leila, antes de seguir para a cozinha. - Presente de Natal atrasado. Se bem que com o serviço desses corvos, nem podemos reclamar muito.

Sentia-se agora um cheiro agradável, de algo que devia estar sendo preparado para Eva. A mocinha ainda precisava de cuidados; a condição para que ela pudesse permanecer em casa, e não no hospital, seria justamente seguir à risca sua dieta de recuperação.

- Está tudo aqui. Escarola, endívia, carqueja, lentilhas, brócoles, salsa, coentro, Agrião, hortelã, cenouras, tomates e flores copo-de-leite ressecadas. Para o unguento de hoje e para tempero também. A terra nos alimenta durante toda a vida, nos engorda e no fim nos devora! Hahaha.

Jehanne sorriu.

- Veja Jehanne, já está quase pronto. Sinta o cheiro!

- Sim, também sinto. Por um instante passou-me pelas narinas o cheiro daquelas comidas maravilhosas que vocês me preparavam!

- Nossa – admirou-se a outra. – Você ainda lembra-se disso? Ana sabia que eu e sua avó preparávamos. Ana?

Ana Subia as escadas a toda velocidade, ainda lembrando-se dos rostos dos pais. Imaginou que a encomenda era alguma coisa mandada por Elias, ou até mesmo por Oldie. Havia uma caixa, não muito grande, com o endereço do Campo das Lagartas, mas sem remetente. Anabel rasgou a caixa como se fosse papel, e quase teve um ataque ao descobrir o que havia lá dentro.

- Godofredo!

O gato azul de pelúcia da menina agora tinha duas pernas e parecia novo. Ana sabia que era o mesmo bicho, mas agora a expressão dele era meio alegre. Diante daquilo Anabel por um momento lembrou-se do quanto ela e Judite eram inseparáveis, antes da historia do desaparecimento de Godofredo ter início. Havia outra coisa dentro da caixa: um porta-retratos com foto. Nela apareciam Cedro, Amanda, Phoebe e Eric sorrindo e acenando, no que parecia ser um templo muito grande. A pirralha achou aquilo muito estranho, e correu até o avô.

- Uma foto do Cedro? Para você?

- Sim! E não é uma foto do cedro comum, essas crianças também estavam no meu sonho. O sonho com a Eva.

- Tem certeza? – indagou-a Alex.

- Eu o achei estranho, quando o vi.

- Você o viu?

- Sim vovô, quando eu e Elias usamos o pórtico, o pórtico do espectro. Fomos direto para lá!

- Espectros não podem usar pórticos, pois não tem energia suficiente para direcioná-los. Exceto se alguém direcionar um pórtico que só precise ir para um único lugar, assim como se faz com crianças!

O Sagitário De SamechOnde histórias criam vida. Descubra agora