O Sagitário De Samech

21 - Thiar corada

Thiar chegou à morada do eremita e logo percebeu que no salão iluminado havia mais gente do que ela esperava. O conselho de Eivar era formado por cento e quarenta e quatro pessoas, entre membros honorários e os dois delegados: Mud e Alex. Eles eram auxiliados por outros, como Orejas, Hélio Lívio, Erasmus e Laura. Ali também estava o prefeito Liam.

- Boa noite, senhoras e senhores – disse ela, um pouco tímida.

- Boa noite, Thiar. Venha juntar-se a nós nesta reunião tão importante! – disse um homem de bigode, de quem ela não lembrava o nome. Naquele exato instante, Alex acabava de saudar os presentes. Mud tomou a palavra:

- Como os senhores já sabem, temos muitos assuntos a serem tratados nessa noite. Antes de nos banquetearmos com o sacrifício de nosso amigo Lucio, o suíno, temos que resolver de uma vez por todas alguns assuntos pendente e um pouco... Eu diria Indesejáveis.

Os convidados entraram e se acomodaram em cadeiras macias, que se adequaram ao tamanho de quem iria sentar-se nelas. Childa teria gostado da ideia do anfitrião. A casa nova de Mud parecia com uma das fazendas antigas e mal assombradas da zona abandonada.

O próprio começou:

- Eis um dos principais motivos desta tão agradável reunião não oficial. Como os senhores já sabem os animais habitantes da floresta dos sacis não estão mais interessados em manter-nos informados, como acontecia sempre. Nossos inimigos estão se aproveitando de sua inocência e transformando-os em seres retardados e não há sinal de onde possa estar o mago Presente. Caros amigos, o que poderemos fazer diante dos fatos?

O homem bigodudo que havia falado com Thiar quando ela chegou, tomou a voz:

- Estimado, amigo, e caríssimo Mud. Noventa e nove por cento de nós nem sequer conseguiu a mínima evidência ou menção sobre a existência desse tal mago. Com relação a esse assunto, não tenho muito em afirmar além de que, em suma, o tal mago nunca existiu. A história é muito carente de nexo, principalmente no que diz respeito a um lugar tão bem protegido. Tudo tem limite.

- Bem – disse Erasmus. – para falar a verdade, a maioria dos habitantes de Eivar não acredita na existência de um mago nos moldes tradicionais ou algo semelhante. Essa ideia em Eivar é algo já ultrapassado há muito. E achar que há um mago escondido que pode estar tramando algo, ou que possua uma ligação especial com as historias de nossa cidade ou mesmo com Místhat ainda parece estranho. Para não dizer desacreditado.

- Eu discordo! – disse Mud. – Acho que a denuncia que chegou até mim não deve ser deixada de lado. Eu mesmo o procuraria, mas não tenho tempo para me dedicar totalmente a isso, ainda. Achar alguém assim exigiria muita cautela, além de um desprendimento e uma vigília incessante. O mago, se estiver entre nós, é uma pessoa totalmente improvável!

Agora Hélio Lívio, parecendo desinteressado, interviu (ele adorava fazer isso):

- Se existisse um mago tão poderoso quanto parece, ele não se revelaria para nós. Muito menos nos diria o que quer aqui, e ainda assim, provavelmente teria sido trazido por um eivarino. E afinal, quem seria páreo para alguém assim?! É melhor resolvermos a questão dos nossos animais.

- Sim, é verdade! Ontem o castor Maurinho estava me perguntando há quanto tempo eu gostava de pintar as unhas. Eu achei isso algo completamente estranho! - disse Orejas. – Há algo de errado com ele! Anda tomando muitas atitudes controversas...

- Eu tenho que confessar a vocês que meu gato esteve muito apático durante os últimos três dias. E ele tentou construir um castelo de areia no mesmo lugar onde costumeiramente faz suas necessidades! – disse Lívio. – Ele não fala mais, não dorme e nem sai para comprar o pão. O que está havendo afinal?