Capítulo 70

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P.O.V Anahí

Assim que Alfonso foi embora, me permiti desmoronar na grama verde, que agora parece mais gelada e desconfortável. Olhei pro céu com os olhos marejados, os fechei e pedi forças, porque sinto que a qualquer momento vou desmoronar. Eu já estou destruída, mas a diferença é que agora não sei se posso camuflar essa dor. Maldita hora que Alfonso ouviu tudo!

Eu sabia que ele não iria querer voltar comigo, mas o olhar de desprezo dele, a raiva, a voz dura e fria... Todas as palavras me dilaceraram de uma forma que não consigo explicar. Ficou mais do que claro que ele me odeia, apesar de ter falado que me ama, é difícil acreditar, pois do jeito que me olhava, não foi muito convincente. O que posso fazer agora é seguir em frente (isso se eu conseguir) e nunca mais falar com ele, a não ser assuntos sobre Alana. Vou deixá-lo seguir sua vida com outra, quando a encontrar.

Me obriguei a engolir a enxurrada de lágrimas que querem me atingir. Eu preciso entrar na casa, as crianças já devem estar se perguntando por que estou demorando. Fiquei só alguns minutos tomando ar, recuperando o movimento das minhas pernas, esperando meu rosto voltar a cor normal, enquanto olhava a lua. Olhei-a na esperança de buscar um pouco de paz para o meu coração agora mais do que despedaçado, mas essa paz não veio.

Caminhei em passos lentos em direção a porta, e quando a abri, Alana se jogou em meus braços. Sorri, a abracei forte e senti um pouco da paz que estava buscando.

— Mamãe, por que a senhora demorou pra entrar? - Ela perguntou, curiosa como sempre, como eu...

— Estava resolvendo algumas coisas com seu pai, mas está tudo certo e ele já foi - Sorri forçado, e ela pareceu acreditar na minha mentira. Desfiz o abraço e logo abracei Peter, que me recebeu de bom grado. - Como você está? - Perguntei, ignorando a vontade que tinha de gritar e chorar.

— Bem, Annie. Obrigado. E você?

— Estou bem - Bem mal... Olhei para Christian e Dulce, e na cara deles está estampado a curiosidade e o desânimo, pois já devem saber o que aconteceu. Se tudo tivesse dado certo, eu não estaria com essa cara fechada e com certeza teria entrado com Alfonso para dar a notícia do retorno. - Vamos nos divertir? - Sorri para as crianças e elas retribuíram - O que vocês querem fazer? - Os dois começaram a falar ao mesmo tempo e eu logo os cortei - Vamos com calma. Fala um de cada vez.

— Eu quero jogar vídeo game e comer pipoca - Peter falou primeiro e Alana fez bico.

— E eu quero assistir filme das princesas e comer chocolate.

— Parece que temos um desentendimento aqui - Christian tomou a frente percebendo minha cara desanimada - Que tal fazermos assim... A gente faz pipoca e come chocolate também, e vocês desempatam o que vão jogar ou assistir primeiro fazendo pedra, papel ou tesouro, sabem fazer isso?

— Sim! - Responderam juntos.

— Pois muito bem - Dulce se pronunciou, e eu agradeci os dois mentalmente por estarem aqui. Não sei se ia conseguir fingir empolgação por muito tempo. - Braços pra trás, mãos fechadas e eu conto até três - Os dois obedeceram - Um, dois, três e já - Eles colocaram as mãos pra frente e a mão de Peter está como tesoura, e da Alana em papel, portanto, ele ganhou.

— Hahaha, ganhei! - Ele disse, convencido.

— Você teve sorte - Alana revirou os olhos revoltada com a perda. Não resisti e sorri. Eles realmente brigam como verdadeiros irmãos e isso me deixa feliz.

— Ok, sem brigas - Eu disse - Primeiro o vídeo game, depois o filme. Vocês dois fiquem aqui que vamos na cozinha pegar comida, beleza? - Pisquei pra eles.

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