Capítulo 63

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P.O.V Anahí

Quando chego a mansão de Alfonso com Alana, olho ao redor da sala, lembrando-me da última vez que entrei aqui. Eu tinha entrado para arrumar as malas, após ter perdido meu bebê. E me recordo do sentimento que tinha dentro do meu peito quando sai. Era raiva de mim mesma, mágoa, tristeza e muita, muita dor. E reparei entrando nesta casa, que continuo com os mesmos sentimentos, só que ao invés da dor estar mais branda, ela só se intensificou com mais força com o passar dos meses.

Controlando as lágrimas, chego ao quarto da minha filha. Já está ficando tarde e ela tem que descansar.

— Bebê, já pro banho! Está na hora de dormir.

—  Ok - Ela assentiu. Alana sempre protesta pra não ir dormir, mas ela está tão cansada pelo passeio e por ter ido pro hospital que nem resistiu.

A ajudei no banho, vesti o pijama nela e perguntei se ela queria comer, ela disse que não e foi escovar os dentes. Quando voltou, seus olhinhos já estavam fechando e a coloquei na cama. A cobri e lhe dei um beijo na testa.

— Mamãe, vai dormir aqui comigo, né? - Ela perguntou, manhosa.

— Claro que sim, meu amor - Sorri - Agora feche os olhinhos e descanse, princesa. - Ela fez o que pedi enquanto eu fazia carinho em seu cabelo, e logo sua respiração ficou suave, comprovando que já dormiu.

Fiquei mais alguns minutos admirando Alana. Até hoje não consegui me acostumar em como nos parecemos. Os olhos azuis, o cabelo castanho claro com uma franja na testa (eu tinha essa franja quando era criança, depois que cresci a tirei), a cor de pele, o jeito de ser... Absolutamente tudo nela lembra a mim. Mas não posso ficar pensando na loucura de que Alana é minha filha biológica, pois é simplesmente impossível. Minha filha biológica morreu, os médicos falaram que ela não resistiu. O que me choca são as malditas coincidências, mas acredito que a vida tenha me dado uma segunda chance quando colocou essa Alana no meu caminho, e eu não poderia estar mais grata.

Levantei do chão que eu estava ajoelhada, e sai do quarto dela silenciosamente. Depois eu volto para dormir com ela. Ainda está cedo para mim. Desço as escadas e vou direto pra cozinha. Estou com sede. Vou na geladeira e pego uma jarra de suco de laranja e deposito no copo. O bebo, e meus olhos olham ao redor.

Então me lembro de flashbacks do dia que perdi meu bebê. Um dos piores dias da minha vida. A lembrança de Alfonso e Lívia se beijando aqui me atingiu em cheio, e senti uma pontada no coração. Cansada, deixei uma lágrima rolar. É como se tivesse sido hoje. Ainda dói demais. Como se a cozinha tivesse me engolindo, me senti sem ar, e assim, deixei o copo dentro da pia e sai da cozinha, mas quando sai a sensação de enforcamento não aliviou. Suspirei, sabendo que essa sensação não irá embora com tantas memórias espalhadas pela casa.

Eu estou com saudades de dona Maria, quando venho buscar Alana nunca a encontro, mas agora ela provavelmente está dormindo e não quero atrapalhá-la. Sai da casa, e fui para o jardim, respirando o ar fresco. Observei as flores de variados tipos ao redor e comecei a me sentir melhor. Adoro flores. Meu celular vibrou no bolso da calça e o peguei, sorrindo de orelha a orelha ao ver no visor "Papai". O atendi prontamente.

— Alô, papai - Sorri, me animando.

— Oi, meu amor. - Ele disse num tom carinhoso - Filha, estou morrendo de saudades. Já faz meses que não nos vemos e também queria ver Alana. Como vocês estão?

— Estamos ótimas, pai. Eu também estou com muita saudades do senhor. Que tal marcar um dia pra matar a saudade?

— Acho perfeito meu amor. Pode ser amanhã mesmo? Eu sei que você é ocupada, mas realmente meu coração está apertado de saudades de você e da minha netinha. Sem contar que só a vi uma vez, no aniversário dela, e sua mãe ainda não a conhece. - Me emocionei.

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