Capítulo 64

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P.O.V Alfonso

No dia seguinte, Peter recebe alta e podemos ir pra casa. Mas antes de sair do hospital, Peter pede para ver a mãe. Eu não quero que ele tenha a imagem de Lívia cheia de fios, mas não posso negar isso a ele. Então, descemos no elevador e vamos até onde Lívia está.

Quando entramos, vemos Lívia deitada na cama, cheia de tubos, com aparelhos ajudando-a a respirar, e ela está pálida, completamente sem vida. Tudo que tem aqui é o som dos aparelhos e do choro contido da mãe dela, porém, assim que vê Peter, Antônia trata de secar as lágrimas e sorri para ele, enquanto segura a mão da filha.

Peter se aproxima da cama, mas pelo seu tamanho não consegue ver muita coisa. Assim, o pego no colo e o coloco sentado na cama, de forma que ele consegue visualizar a mãe mais de perto. Quando vejo seus olhos ficando lacrimejados, sinto vontade de morrer.

Eu fiquei sete anos sem saber da existência do meu filho, e quando tenho oportunidade de começar a ter um vínculo com ele, acontece isso. Vê-lo sofrendo por alguém que não merece me parte o coração. Ele é só uma criança, um menino muito bom que não deveria estar sofrendo como agora.

Será que finalmente estou começando a amar meu filho? Espero que sim. Peter é meu filho, eu tenho que amá-lo e acho que estou conseguindo. De uns meses pra cá ele vem ganhando meu coração e não tem como não sentir algo por um menino como ele. E vê-lo chorando agora é muito doloroso pra mim. Ele se aproximou do rosto de Lívia e pousou as mãozinhas na bochecha dela.

— Mamãe, acorda - Pediu com a voz embargada e suspirei penalizado - Eu preciso de você, mamãe Não me deixe. - Uma lágrima caiu de seus olhos e ele colou o próprio rosto no dela. O tubo de oxigênio no nariz dela atrapalhou, mas Peter não se importou.

— Ela vai acordar, meu bem. Tenha fé. - A avó de Peter falou. Ele a encarou sem se desgrudar da mãe e sorriu levemente.

— Assim espero, vovó. - Tentando confortá-lo, incentivei:

— Sua avó tem razão, filho. Se você tiver esperanças, ela vai acordar. Basta acreditar e pensar positivo. - Ele assentiu, agora acariciando os cabelos de Lívia.

Ficamos mais alguns minutos ali e decidi que era hora de ir. Peter está exausto desse lugar e eu também, pois não dormi a noite toda. Chamei Antônia para vir também, mas ela disse que não sairia do hospital. Coitada, é uma boa mulher, com certeza não veio dela o gene ruim da filha. Peter saiu de perto da mãe a contra gosto, mas garanti que logo voltaremos. Então ele deu um beijo em Lívia e o ajudei a descer da cama.

Saímos do hospital, entramos no carro e logo chegamos na mansão. Antes de entrar, senti a necessidade de dizer ainda dentro do carro:

— Filho, essa é a sua casa agora enquanto sua mãe não acorda. Aqui sempre vai ser seu lar. Quero que fique a vontade e, por favor, não se sinta sozinho, porque você não está, entendido?

— Entendido! - Ele deu um leve sorriso sem desfazer o semblante triste. Tenho que fazer o possível para fazê-lo feliz enquanto Lívia não acorda, e se acordar...

Quando entramos em casa, já abro um sorriso ao ouvir o som da risada de Alana. Deve estar toda contente porque vai faltar na escola e ir ver o avô. Peço a empregada para preparar um lanche a Peter e ela vai. Ele não comeu nada no hospital porque queria comer aqui. O avisei que ele irá tomar banho para comer e depois dormir e ele assentiu, com sono. Subimos as escadas e paramos no quarto de Alana.

— Papai - Ela gritou e me abraçou, e a peguei, saudoso. Ela está linda em uma blusa das princesas, uma calça verde bebê e uma sandália baixa - Oi Pe - Ela o abraçou e sorri. Esses dois se gostam de verdade!

Olhei para frente e vi Anahí, vulgo a mulher da minha vida. Ela está maravilhosa (novidade) em uma blusa vinho de frio um pouco decotada, usa uma calça jeans justa que a deixa mais gostosa ainda e nos pés tem um salto alto branco. A admirei sem poder evitar e quando nossos olhares se encontraram, senti vontade de levá-la pro meu quarto e transar com ela com força. Eu sinto tanta saudade dela que o beijo que trocamos só fez esse sentimento crescer. Mas acho que ela não sente mais nada por mim além de desejo, pois quando perguntei no elevador se eu fui um erro pra ela, ela não respondeu. E quem cala, consente.

Logo desviei o olhar e me concentrei novamente em meus filhos.

— Papai, obrigada por ter deixado eu faltar hoje pra ver meu vovô - Bateu palmas.

— De nada, princesa. Mas não se acostume, hein? - Brinquei, e ela riu.

— Você tem um vovô, Lana? - Peter perguntou, surpreso.

— Sim, é o papai da minha mamãe. - Ele assentiu, entendendo.

— Você quer ir com elas, filho? - Questionei, pois tenho receio dele ficar magoado se Alana sair e ele não.

— É Peter, se você quiser ir não tem problema nenhum - Anahí reforçou, e ele pareceu pensar.

— Obrigado pelo convite, mas eu prefiro ficar aqui. Não estou muito bem... - Ele disse, o semblante cabisbaixo ainda no rosto.

— Te entendemos - Anahí sorriu, se aproximando dele. Consegui ouvir ela sussurrar um "Sua mãe ficará bem" no ouvido dele, e ele sorriu, assentindo. Se abraçaram brevemente e Peter foi pro quarto dele, e garanti a ele que logo iria comer para depois dormir.

Anahí terminou de pentear os cabelos de Alana e fiquei admirando a cena. Elas realmente se parecem! Quando terminaram dei outro abraço em Alana e elas partiram e senti o cheiro de Anahí assim que ela passou, e foi como ser nocauteado. Suspirei, me sentindo triste e infeliz. Ainda não caiu a ficha que a gente teve esse fim...

Fui para meu quarto e tomei um rápido banho, e estranhei quando sentei na cama e senti um cheiro que não é meu, mas dei de ombros. Devo estar ficando louco! Parti para o quarto de Peter e o esperei terminar de se vestir para irmos a cozinha.

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