Capítulo 78

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P.O.V Autora

No dia que Joshy se apresentou a Alana, tudo havia mudado na cabeça da menina. Como assim, ele era seu pai? 

— Meu pai? - Alana arregalou os olhos, em choque. Joshy sorriu com a surpresa da menina.

— Sim, seu pai. Sua mãe não falava sobre mim, não é mesmo? - Alana não respondeu, afinal, a vida toda só teve seu pai. E não era esse.

— Você não é meu pai. Meu pai se chama Alfonso Herrera. Ele é meu único e verdadeiro pai. Ele que cuidou de mim, ele que me deu seu sobrenome, ele que me ama, não você. - Cruzou os braços, raivosa. Era criança, mas tinha noção de que se ele realmente a queria, teria a procurado antes e não estaria ali, ajudando sua avó má. Joshy escondeu a surpresa, ela era corajosa!

— Não precisa ficar assim, querida. -  Debochou.

Ele não tinha afeto pela garota, mas também não a odiava. Então havia decidido que fingiria que ajudaria Tisha a prejudicar a criança. Ele não faria nada com ela, seu problema era com Anahí. A ideia de ferir Alana para atingir Anahí juntamente com Alfonso era tentadora. Mas não, seu alvo era diretamente aquela mulher, não Alana. Ele tinha consciência de que seria capaz de matar qualquer pessoa, desde que a mesma não fosse uma criança. Alana não tinha culpa de nada, e se a doente de Tisha quisesse fazer algo com ela, que fizesse, ele não se importava, porém não colocaria a mão na menina. Apenas ficaria ali para despistar a polícia.

— Eu já vou, mas depois eu volto, ok? - Alana não respondeu, desconfiada. Ele sorriu, aquilo ela havia herdado dele. Joshy se levantou, olhou rapidamente para Tisha e se retirou. A mulher a olhou com nojo e logo saiu também.

Alana ficou ali, pensativa. Não demonstrou, contudo estava triste. Se ele era seu pai, por que não se importava com ela? Por que estava ali, com sua avó má? Suas esperanças acabavam a cada dia que passava. O natal e ano novo haviam passado, e ela continuava ali, morrendo dia após dia. E tentava não pensar naquilo, mas Tisha sempre cutucava em sua ferida dizendo que Anahí não a amava e que a tinha abandonado. A mesma havia inventado a mentira de que fora Anahí que mandara sumir com a menina, para ficar com Alfonso sem que ele percebesse que ela mentira o tempo todo. Ela não queria, se esforçava, todavia começava a acreditar em Tisha. Fazia sentido. Por que Anahí tinha aparecido do nada, pouco tempo depois dizendo que a amava? Doía, pois continuava amando a mãe, e ficava feliz ao mesmo tempo, sabendo que ela era sua mãe biológica.

Morria de saudades dela, do pai, do irmão, da avó, dos empregados, dos amigos, da Mel... De Alfonso principalmente. O pai era o único que ela tinha certeza de que a amava de verdade, que sabia que estava preocupado e com saudades dela também, o único que ela não tinha dúvidas de que não mentiria pra ela sobre seu amor. Será que seu avô, pai de Anahí, também a odiava? Alana se deitou, murcha. Estava mais fraca, se recusava a comer toda comida. Será que nunca a encontrariam?

Quando tudo escureceu, anunciando a noite, colocaram um colchão para Joshy dormir perto do banheiro. Tisha não o deixaria sair, mas ele não estava preocupado com aquilo, quando decidisse que as buscas por ele iriam diminuir, ele sairia dali. Tisha, em certo horário, ia embora para casa, para não deixar suspeitas.

Toda noite, Ricardo ficava com Alana para vigiá-la. E lá estava ele novamente, sentado em uma cadeira. Já até sentia uma certa simpatia pela menina, ela nem tinha medo dele. Ricardo fez uma coisa que nunca tinha feito antes. Mexeu um pouco no celular, e logo após, quando estava caindo de sono, deixou o aparelho numa mesinha. Desbloqueado. O sono o venceu em segundos. Alana olhou aquilo e ligou os pontos. Sua mochila estava ali, intocada desde o dia que fora sequestrada, com seus dados... Sentou na cama como se tivesse levado um choque. Como não tinha pensado naquilo antes?

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