Capítulo 72

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P.O.V Alfonso

Após Lívia ser levada pra cirurgia, fiz o possível para acalmar Peter e Antônia. A senhora se sentou novamente e começou a rezar, Peter, por sua vez, veio até mim, o olhei e prontamente meus olhos se encheram de lágrimas. O abracei para ele não ver minha fraqueza e inevitavelmente uma lágrima escapou de meus olhos, mas rapidamente a limpei. Anahí me mirou sem entender, porém, me deixou em paz e não disse nada, respeitando o momento.

A revelação de Lívia me deixou completamente sem chão. Por quê ela fez isso? Logo agora que finalmente consegui amar meu filho, ela faz isso. Por que ela não contou antes de meus sentimentos por esse menino crescerem? Agora eu simplesmente não posso mais deixar de amá-lo... E nem quero. Ela não merece que eu cumpra este pedido que me fez, contudo, quem mais vai sofrer é Peter, e eu vou atender à súplica dela, por ele. Peter não merece nenhum tipo de sofrimento. Por Deus, ele tem apenas oito anos!

Está decidido. Peter é meu filho. Ficarei com ele. Cuidarei dele assim como cuidei e cuido de Alana. Não preciso estar em seu DNA para ser seu pai. Ele me ama, posso sentir, e sinto o mesmo. Ele não é um estorvo na minha vida. Confesso que no começo desejei que não fosse meu filho, e agora que descubro que realmente não é, me parte o coração. É claro que contarei a verdade pra ele... Mas não por enquanto.

Se passam quatro horas desde que Lívia foi levada para a cirurgiã e Peter continua do mesmo jeito no meu colo, só que agora pegou no sono. Não o soltei em nenhum momento, ele precisa de mim mais do que tudo agora. A mãe de Lívia também continua do mesmo jeito, e não para de rezar. Anahí e eu não paramos de nos olhar, mas não nos atrevemos a dirigir a palavra. Ela já ligou pros amigos e eles já colocaram Alana pra dormir.

O bolinho embalado em mim acorda e sorriu pra ele, tentando dizer que está tudo bem. Sua carinha de choro vai me matando aos poucos. É, não tem jeito. De maneira alguma vou deixá-lo. Quando olho para o lado, vejo o neurocirurgião se aproximando de nós. Sua cara não é das melhores. Dona Antônia logo levanta e Peter também. Só de ver a feição dele, me levanto também para segurar Peter. Não sinto um bom pressentimento. Anahí fica olhando-o com expectativa.

— Então doutor, como minha filha está? - Antônia pergunta quase aos prantos novamente.

— Fizemos todo o possível. - Pronto, bastou está frase para eu e Anahí saber o que houve, pela cara que a mesma fez, contudo Peter e a avó continuaram mirando-o com esperanças - A cirurgiã estava sendo um sucesso, quando eu ia tirar o problema, Lívia começou a ter convulsões e logo parou de respirar. Tentamos reanimá-la várias vezes, porém a paciente não resistiu. Eu sinto muito. - Dito isto, saiu de cena.

O que ouvi em seguida foi o grito da mãe de Lívia e vi um Peter no mesmo lugar, estático. O olhei atentamente enquanto Antônia continua a gritar um doloroso "Não". Pra mim a única coisa que importa agora é ele. Seus olhos viraram uma piscina e lágrimas silenciosas e grossas saíram deles. Sem saber o que fazer ou dizer, o abracei. O abracei com toda força, com toda o amor que um pai pode transmitir para um filho. Ele simplesmente me agarrou e soltou o choro copioso que estava guardando. Também chorei, imaginando a dor horrível que ele está sentindo. Já perdi meu pai e entendo muito bem o que é perder um ente querido.

Anahí foi até a Antônia e a abraçou, vendo seu descontrole. Sem forças, a mulher abraçou Annie e caiu no chão, Annie foi junto com ela, sem cerimônias. A mulher da minha vida me olhou e vi em seus olhos o quanto também está comovida. Ela olhou para Peter e suspirou longamente. Com certeza também está penalizada por ele.

Voltei minha atenção para meu filho novamente quando ele começou a soluçar. Estou sentindo pontadas de dor. Estou derrotado vendo ele sofrendo assim. Não importa se Lívia era uma boa pessoa ou não, acima de tudo, era um ser humano e que por sinal cuidava muito bem de Peter, apesar das mentiras. Peter foi o melhor que aconteceu com ela e ele acabou de ter uma perda irreparável.

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