Nove - Parte I

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Capítulo revisado, 3069 palavras.

Após ter ficado um mês fora do país, finalmente pude voltar para casa.

Graças ao meu pai, após ter terminado o colégio, conseguimos montar nossa própria ótica. No início era dele, investimos durante três anos com alguns sócios, e hoje temos mais 4 filiais no país. Claro que para isso foi preciso mudar de estado, afinal, meu pai não tinha ninguém que pudesse ajudá-lo em São Paulo.

Mas aquela mudança me rendeu perdas dolorosas. Não só por conta de meus amigos, mas sim da minha juventude. Precisei focar na faculdade e no estágio, além de que, tive que enfrentar algumas consequências de noites de encontros casuais.

Cerca de um ano após estarmos morando em Minas, eu engravidei uma garota e tive que me virar nos trinta para poder dar sustento a ela. Porém, Eduarda - a mãe da criança -, a perdeu em um aborto espontâneo, eu fiquei desolado na época, mas precisei seguir. Como eu já estava acostumado com a rotina de estudos e trabalho, resolvi dar o meu melhor e me empenhar a seguir os passos de meu pai, sendo então um micro-empresário.

Ainda me lembro do dia da mudança, lembro de ter dado tchau a algum dos vizinhos, mas não tive coragem de me despedir dela, da Suzana. Sei que fiz a maior burrada da minha vida em me afastar dela, mas era preciso. Eu sabia que Suzana me amava e eu também sentia isso por ela, porém, eu nunca me enxerguei a altura dela. Eu sempre a vi como uma garota maravilhosa que merecia um homem de verdade ao seu lado, e eu? Bom, eu era um moleque, um garoto sem responsabilidade que só sabia beber e curtir por aí, por mais que eu tenha ido para uma boa faculdade, e me empenhado no serviço administrativo, nada me fazia sentir que mereceria estar com Suzana.

Na certa eu não seria o suficiente para estar com ela quando precisasse.

Entretanto, eu achava que era tarde demais para voltar. Pelo menos tentar pedir desculpas, mas eu não tive coragem, não tive coragem em ligar ou mandar um e-mail ou até mesmo uma carta, não! Eu simplesmente a ignorei e sei o quanto ela deve ter me odiado.

Após ter se passado três anos, conheci Fernanda em uma festa da empresa. Ela me encantou, era uma mulher linda e inteligente, atraente e prestativa, mas eu nunca a amei de verdade. Posso dizer que Fernanda estava ali para tentar ocupar o vazio dentro de mim. Meus pais não tiveram mais aquela atenção que eu tanto adorava receber. Então, com Fernanda eu não me sentia tão-só.

Apenas nos casamos porque ela ficou grávida de Stéfany a exatos cinco anos. Eu sei que os séculos mudaram, mas após vários puxões de orelha, amadureci o suficiente e reconheci o quanto eu gostava da ideia de ser pai de família e proporcionar isso ao meu filho. No caso, à minha filha. Stéfany foi a grande paixão que ganhei de presente. Ela me ensinou um sentimento novo de amor, a paternidade.

Mas o meu casamento, que para todos é lindo e cheio de amor, é apenas uma farsa. Fernanda se tornou insuportável. Ela adora gastar dinheiro e nem soube ser uma mãe de verdade. Assim que Stéfany nasceu, ela teve complicações e uma infecção. Tudo porque a mãe dela não a alimentou e a deixou desprotegida. Com isso, Stéfany ficou ilimitada de andar até seus dois anos e meio. No entanto, graças a Deus, ela fez tratamentos e fisioterapias que a ajudaram a se desenvolver normalmente.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora