Nove - Parte II

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Capítulo revisado, 1607 palavras.

Meu primeiro dia de trabalho foi, como posso dizer, uma verdadeira confusão.

Tudo estava ótimo, até que ele surgiu! Ou melhor, ressurgiu em minha vida. Como isso pode acontecer? Em um simples acaso, encontro logo a filha dele, depois vou trabalhar em sua casa e passo a ser babá de seus filhos. Muita coisa para eu decifrar.

Por que o destino reservou essa peça?
Por que Heitor voltou para minha vida?

Fazia tantos anos, éramos adolescentes…Nós separamos, nossa amizade havia acabado… Por que disso tudo agora?
Depois que terminei meu turno de trabalho, resolvi esperar na sala até que Alace fosse me buscar e poder me levar para casa. Enquanto isso, liguei para André, que finalmente depois de tanto insistir, me atendeu.

— Onde você se meteu? Sabe o quão preocupada eu fiquei? — grito com ele, após ouvir sua melosa voz, dizendo: “oi, vida”.

— Nossa, amor. Quanto stress. Eu fiquei sem bateria, foi mal. — André boceja ao falar, suponho que esteja deitado sem fazer nada de útil, como sempre.

— Não importa. Você deveria ter dado sinal de vida, sei lá. Nunca mais faça isso!

— Fica tranquila, gatinha. — reviro os olhos e suspiro alto o suficiente para ele ouvir.

— E então?

— Então o quê? — o idiota pergunta bocejando outra vez.

— Onde você foi?

— Ah, eu… eu fui chamado para um show de última hora, amor. Mas saca só, consegui sete mil reais de cachê. — André parecia estar mentindo, sua voz não me passou segurança.

Ergo minhas sobrancelhas, surpresa pela quantia que ele disse ter recebido.

— Isso é sério? E porque não me falou nada? — André ficou mudo por uns segundos, me deixando impaciente.

— Desculpa, tá legal? Foi uma correria. O que importa é que estou bem e inteiro. Agora me fala aonde a senhorita está? Pedi um jantar para nós, o seu prato favorito.

Deixei um sorriso escapar pela novidade que eu tinha para contar.

— Eu estou no meu trabalho. — digo feliz e encaro minhas unhas.

— Trabalho? No que é? Vai dar aulas outra vez? Não, já sei! Alguém fez uma encomenda gigante e você foi para Paris para divulgarem sua arte??

— Não! — digo, rindo do entusiasmo dele. — Eu sou babá. Você sabe que eu amo crianças, você nem imagina o que aconteceu e…

— O quê?? Babá? — André me interrompe, visivelmente irritado. — Como assim, babá?

— Ei, qual o problema? — indago. Senti uma pontada de indignação pelo tom de voz irritado e de puro desdém de André.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora