Trinta e Sete

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Suzana

— Parabéns!!

Assim que acordei, um furacão em forma de criança adentrou pelo quarto me desejando felicidades. Stéfany me abraça com cuidado, já se deitando proxima a mim na cama.

Vejo Heitor entrando com uma bandeja de café da manhã em mãos. Após colocá-la sobre meu colo, ele beija meus cabelos e me entrega uma rosa vermelha. Um gesto tão lindo e gentil.

— Feliz aniversário, meu amor. 

— Estou ficando mal acostumada com vocês. Obrigada! — sorrio em agradecimento.

Enquanto eu tomo meu café, conversamos amenidades em um clima alegre e revigorante.

É tão bom fazer parte dessa família. Todos me tratam com amor e respeito, Stéfany tem crescido cada vez mais, cada dia mais linda. Tenho orgulho em poder chamá-la de minha filha. Assim como o Bruno, que a cada dia fica mais sapeca e gorducho.

Hoje se completa mais um ano de vida para mim. Meus aniversários costumam ser pacatos, sem comemoração, apenas um bolo ou um simples abraço de parabéns. Eu prefiro assim, e convenci Heitor a manter essa tradição.

Então, teremos o dia todo em família, em casa mesmo.

Durante boa parte da manhã, eu e as crianças ficamos na sala, apenas brincando. Passei a maior parte do tempo sentada, mas aproveitei bastante. Depois, no almoço, Heitor cantou parabéns me presenteando com um bolo surpresa de chocolate. E foi ele mesmo quem o fez. Estava muito bom!

E quando a tarde chegou, Bruno e Stéfany se renderam a uma soneca e Heitor se trancou no escritório.

Achei estranho, ele nunca deixa a porta trancada, geralmente a deixa fechada quando quer privacidade para trabalhar, mas nunca chegou à passar a chave.

Tentei não me sentir desconfiada de algo, mas foi impossível. Pois Heitor praticamente me ignorou no restante do dia, ficou o tempo todo no celular, tanto digitando como a falar com alguém por ligação. E sempre estava afastado, visivelmente mostrando que não queria ser ouvido.

Eu já estava elaborando milhares de coisas na minha cabeça, até mesmo a possibilidade de que ele tenha conhecido outra mulher. Já que, desde que descobrimos a gravidez,  nunca mais tivemos relações, por questões de recomendações médicas, então, quem me garante que ele não foi atrás disso por aí?

Precisei me controlar, pois já estava quase me batendo mentalmente por estar pensando dessa forma em relação a ele. Mas eu não conseguia evitar, tudo indicava que ele estava me escondendo alguma coisa.

Após o meu banho, tentei me concentrar numa leitura que há dias eu estava adiando para terminar. Porém, assim que Heitor se deita do meu lado, não consegui evitar de fitá-lo, demonstrando estar zangada com suas atitudes.

— Ei, o que foi? — Pergunta, deixando o celular de lado.

— Me diz você. O que tanto andou fazendo hoje? Com quem você falava na droga do seu celular que não pode me fazer companhia?!

Eu sei, posso estar parecendo uma ciumenta possessiva, mas no meu estado qualquer coisa me tira do sério!

Ele desvia o olhar por um segundo, ajeitando os óculos. Após um suspiro, ele pega uma mexa do meu cabelo, a enrolando nos dedos.

— Eu estava trabalhando, e resolvendo uns assuntos com meu pai...

— Mentira! — Perco a paciência, me afastando dele. Heitor franze a testa, mas sorri. Por que ele está achando graça?? — Se fosse só isso, você não precisaria agir tão estranho.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora