Trinta e Cinco

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Suzana

O aniversário da minha pequena chegou. Hoje, Stéfany está comemorando seus seis anos de vida! Minha eterna princesinha.

Desde que Stéfany começou a me chamar mamãe, meus dias passaram a ser mais alegres. Ela não sabe o tamanho da minha felicidade, era tudo o que eu mais queria, ter o seu amor e ser reconhecida como uma figura materna. Claro que isso me assusta, se caso eu for analisar o que pode acontecer no futuro, mas, é como dizem, precisamos focar sempre no agora.

Estou terminando de organizar alguns docinhos sobre a mesa enfeitada. O tema da festinha será da Princesinha Sofia. As cores dos pratos, talheres e copos descartáveis são roxos com alguns detalhes em dourado; o que combinou perfeitamente com o papel de parede escolhido. Pretendo registrar o momento do parabéns com dezenas de fotos.

Graças ao meu bom Deus, meus enjoos deram uma trégua. Os únicos sintomas que prevalecem são alguns desejos peculiares.

No café da manhã, por exemplo, experimentei uma saborosa fatia de pão de forma, cheia de geléia de uva, com o recheio especial de uma rodela de tomate com salame e, para beber, café com leite sem açúcar. Pra mim estava uma delícia, mesmo que todos ao meu redor me olhassem como se eu fosse uma alienígena.

Não haverá muitos convidados para a festa. Somente alguns de nossos familiares, os meus sobrinhos e mais alguns três coleguinhas da antiga escola de Stéfany, cujo os pais são velhos conhecidos de Heitor.

Por falar nele, Heitor está me ajudando com os preparativos. Bom, ao menos ele está tentando.

Ele já estourou várias bexigas, sujando todo o espaço do salão. Já deixei claro que ele é quem irá limpar tudo! Tanto agora, como depois que todos forem embora.

Assim que posiciono o último brigadeiro, sinto uma tontura forte. Precisei me apoiar na parede atrás de mim. Cláudia passava pela mesa, no exato momento que me senti mal. Foi ela quem me amparou.

— Meu Deus, Suzana! Já é segunda vez que você sente isso hoje. Isso não deve ser bom. — ela me guia até uma das mesas enfeitadas, me obrigando a sentar num banquinho.

— Eu estou ótima! — disfarço, mas Cláudia não pareceu nada convencida.

— Querida, posso estar ficando velha, mas eu não sou boba.

Tentei demonstrar que não estou escondendo nada, mas acho que já é tarde pra isso.

— O que está querendo dizer? — sorrio como uma vítima inocente. Ela se aproxima, e me conduz a ficar de pé.

— Olha, olha pra você, querida! Está com um olhar diferente, vive com um sorriso no rosto. Mas também chora em questão de segundos. Tenho notado a sua mudança de paladar, assim como notei que seu corpo também está mudado… — Cláudia toca na minha cintura, com as duas mãos.

— Os seus quadris estão cada vez mais largos, sua cintura de dar inveja praticamente sumio. E a sua barriguinha? Parece um pouco mais elevada.

— Eu posso ter engordado! — me distancio dela, sentindo meu rosto esquentar. Ela sorri pra mim, um sorriso largo que já demonstrava tudo.

Eu queria fazer uma surpresa sobre o meu filho! Mas ela já estava quase dizendo com todas as letras que…

— Você está grávida! Não está?

É, não tinha mais como negar.

— Sim! Estou esperando um bebê. — Nós nos abraçamos, ela ria toda feliz. Eu me sentia constrangida por ter escondido a verdade.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora