Vestígios De Uma Amizade (Concluída)

Trinta e Seis

Suzana

O tempo tem passado tão rápido, a cada dia eu tenho a impressão de que os ponteiros do relógio estão a correr, ao invés de seguirem de acordo com cada um dos segundos e minutos.

Hoje se completaram vinte e quatro semanas da minha gestação, o que é o equivalente à seis meses. Eu e Heitor, decidimos descobrir o sexo do bebê somente durante o parto, será uma surpresa maior para todos quando o grande dia chegar. Por esse motivo, as consultas são apenas para a verificação se está tudo bem com ele e com o meu organismo.

O começo da minha gravidez estava sendo difícil. Passei por momentos de tensão, me estressei, tive discussões, e tudo isso contribuiu no desenvolvimento de uma pressão alta. Minha obstetra estava preocupada quanto a isso. Pressão alta é um tremendo perigo para uma grávida. Os batimentos cardíacos da criança poderiam ser afetados, com o risco de até mesmo um infarto ser provocado.

Com tudo, tomei os devidos cuidados e passei a fazer uma terapia para manter a calma e uma dieta saudável. Pois a pressão alta, não é causada apenas por um estresse ou ataque de nervos como muitos pensão. Ela também pode se desenvolver por uma má alimentação, excesso de sal e a falta de água no organismo.

Hábitos simples do dia a dia podem fazer a diferença na nossa vida.

Aproveitei que agora o Bruno está comendo mais alimentos e fiz um cardápio especial para nós dois. O meu bebezinho já está com dez meses de nascido, quase um aninho. Já aprendeu a falar algumas coisinhas, e também alguns nomes. Como a me chamar de "momãe" e é a coisa mais linda deste mundo!

Ele não para um segundo! Aprendeu a engatinhar muito rápido, e agora está arriscando a dar seus primeiros passos.

Porem, Bruno é um tanto preguiçoso, gosta de ficar sentado pelo chão ou querendo colo o tempo todo. Agora eu estou o pegando menos, pois nas minhas condições, não é bom carregar pesos. Apesar da médica ter me dito que o risco não é mais tão grande, mas é bom evitar.

Esse bebê está a cada dia mais parecido com Heitor. Não quero nem imaginar o trabalho que dará na escola quando chegar na adolescência.

Bruno e eu estamos sentados no tapete felpudo do seu quarto, apenas passando o tempo. Stéfany e ele não dividem mais o mesmo, Heitor conseguio montar o do bebê, que também será para o nosso que está pra chegar, mesmo que nas primeiras semanas ele fique conosco em nosso quarto.

O novo quarto é menor, mas aconchegante é equipado com tudo que um bebê precisa. A decoração é toda em um tom de amarelo claro, com detalhes em azul. Eu não ligo se o meu bebê for uma garotinha, não são cores que irão definir o que ela é. Mas, se caso Heitor achar necessário, trocaremos a decoração.

Porem, eu sinto com uma enorme convicção que eu terei um menino! É o meu sexto sentido que está dizendo.

Passo minha mão em minha barriga, sorrindo ao imaginar como será o rosto do meu filho, ainda não o senti se mexer, apenas leves vibrações, mas nada muito forte ou que me fizesse ter a certeza de que era o bebê. Estou ansiosa pra isso.

Bruno engatinha pra perto de mim, ficando em pé numa velocidade inusitada, apoiando as mãozinhas na minha perna esquerda, da qual está cruzada, me deixando mais confortável por me sentar no chão.

Ele ri por se desequilibrar, mas logo consegue firmar as pernas. É impossível não sorrir pra esse anjinho. Seus cabelos ralos estão escurecendo, ganhando um tom castanho caramelo. São levemente enrolados, quase formando cachos. Uma fofura!

— Momãe! — exclama, mostrando seus únicos quatro dentinhos, dois na gengiva de cima e dois na inferior.

As demais sílabas/palavras que ele diz, são incompreensíveis. O que me faz rir. Sinto meu coração se aquecer de amor, o amor de mãe.