Treze

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Capítulo revisado, 1974 palavras.


C

láudia estava tentando me esconder a sua vontade em querer perguntar algo. Eu a conheço muito bem, e sei exatamente o real motivo dela estar tão nervosa ao meu lado na mesa.

Estamos almoçando do lado de fora da casa, na varanda dos fundos. O quintal aqui é imenso. Tem um extenso tapete de grama, flores em cada ângulo dos muros, tudo muito bem cuidado e harmonioso.

Stéfany está concentrada em separar seus legumes no prato. Ela não gosta muito desses alimentos, mas sabe que precisa comer. Eu já terminei minha refeição, assim como já dei a mamadeira de Bruno. Agora o estou alimentando com a sua de suco. Ele me olha com atenção e suga tudo de forma gulosa, segurando firme a mamadeira, eu realmente amo esse bebê.

O olhar de Cláudia começou a me incomodar. Nada contra ela, mas é desconfortável sentir alguém te encarando o tempo todo. Ela comia, e, ao mesmo tempo encarava meu rosto, depois olhava para a paisagem e remexia os dedos sobre o talher, freneticamente.

— Está tudo bem, Cláudia? Quer me dizer algo? — Não seguro minha língua e a olho enquanto pergunto.

Cláudia traça os lábios em uma linha reta e suspira dramaticamente, largando o garfo ao lado do prato.

— Eu só estou pensando em algo que me perturba, desde o momento em que você entrou aqui em casa.

Sinto meu rosto esquentar e uma sensação de medo e vergonha me corrói. Será que fiz ou falei algo de errado?

A confusão em meu rosto deve estar tão visível que Cláudia franzi as sobrancelhas e solta um riso fraco.

— Não pense que o problema é você, querida. Não é isso que quero dizer.

— Então o que houve?

— Você se lembra de quando… — Ela faz uma pausa, ponderando as palavras. Acredito que até sei qual será o assunto. — Se lembra quando eu e minha família nos mudamos? De quando fomos embora e…

— E nenhum de vocês se despediram de mim. — completo a sua fala e ela abaixa o olhar por uns instantes.

— Não foi de propósito, querida. Posso jurar pra você que…

— Não precisa se explicar. — A corto. Me mexendo desconfortavelmente na cadeira.

Eu não queria falar sobre aquilo. Já fazia muito tempo. Não era necessário. Eu entendo que talvez eles tiveram alguns problemas, ou até mesmo se esqueceram de mim. Mas isso é algo que não foi tão simples de se acostumar, e logo não é um assunto confortável.

— Por favor, Su. Meu filho ficou meses, arrasado, se sentindo culpado por ter ido sem se despedir.

A olho e ela parecia triste.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora