Trinta e Um

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Suzana

As palavras do médico ecoam na minha cabeça como música para os meus ouvidos. O meu maior sonho, a minha meta de vida: ser mamãe. Claro que eu tenho consciência de que ter uma criança é uma responsabilidade e tanto, mas por hora eu estava feliz demais para refletir em relação a isso.

E ainda mais tendo o meu grande amor como o pai do meu filho, realmente era o que eu mais queria.

— Mas como isso é possível? Eu tive menstruação durante o mês.

Agora estamos os três na sala do ginecologista, o médico que me atendeu esta passando a ele os meus dados e algumas observações. A enfermeira ficou encarregada de trazer um calmante pra mim. Eu fiquei tão agitada, chorei de alegria e Heitor quase teve um desmaio. Também, é o terceiro filho e ele já tem um bebê, entendo o seu nervosismo.

— Isso é normal. Algumas mulheres possuem o ciclo menstrual até mesmo durante os primeiros meses da gravidez. Contudo, não acho que seja o mesmo com você, já que no momento o seu já se encerrou, não é? — respondo que sim e abraço Heitor, que se sentou do meu lado.

— De quantas semanas estou?

— O resultado consta que são...— ele verifica nos papéis do exame e sorri de lado. — três semanas.

Passo minha mão pelo meu ventre, feliz com o que ouvi. Faz três semanas que um novo ser vive dentro de mim.

O ginecologista agradece ao médico, Otávio, - que estava com a gente -, e o mesmo deseja novamente os parabéns antes de se retirar.

— Preciso saber se você já fez algum tratamento com fortes medicamentos, se possui algum problema e necessita de privações.

— Não, não preciso. Graças a Deus. Eu só passei três anos tomando um medicamento por causa de um descontrole hormonal que tive aos dezesseis anos e durou até os vinte. Teria algum problema? — o Dr. mantém uma feição séria com o que eu digo.

— Você se lembra dos nomes? Ou possui alguma receita antiga que eu posso ver?

— Olha, lembrar eu não me lembro. Mas minha mãe ainda guarda as caixas em casa. Sabe como é, mães adoram colecionar coisas.

Tento soar divertida, mas não sei porquê ele não parecia tranquilo com o que eu disse. Heitor também percebe e aperta a minha mão, tentando me acalmar.

— Preciso verificar. Se você teve um descontrole hormonal, e durou quatro anos como você mesma disse, pode haver sim, algum risco pro bebê.

Meu coração gela na hora. Um risco? Pro meu filho? Já estava com os olhos embaçados novamente. Eu não quero perder o meu bebê e muito menos que ele nasça com alguma doença grave.

— Como assim? Já passou muito tempo. — Heitor pergunta, parecendo ansioso.

O médico suspira, olhando fixamente para os meus olhos.

— Não gosto de rodeios, por isso estou sendo direto. Não é um risco grave, mas há uma possibilidade. Por isso, preciso saber o motivo do seu tratamento, já que agora na gravidez, os seus hormônios ficarão alterados novamente. E, pela minha experiência, eu sei que é preciso o triplo de cuidado. Mas calma, longe de mim assustar vocês, só quero deixar claro sobre tudo que deverão fazer. — ele fica de pé e coloca uma pulseira escrito "gestante" no meu pulso. — Irei te encaminhar a outro especialista daqui a pouco. Não poderei fazer o seu acompanhamento, pois provavelmente irei ser transferido ainda nesta semana. Enquanto isso, ligue para sua mãe e peça a ela os nomes dos remédios, ok?

Assentio e, finalmente, ganho um sorriso simples daquele doutor.

— Fiquem tranquilos, mamãe e papai!

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora