Quatro

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Capítulo revisado, 1740 palavras.

O decorrer dos dias foram normais, assim como o dos meses

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O decorrer dos dias foram normais, assim como o dos meses. Mas no final daquele ano, aconteceram surpresas desagradáveis.

Estava quase tudo pronto para entrarmos novamente de férias. Meus trabalhos de fim de semestre já haviam sido entregues, minhas notas fechadas e aprovadas, o segundo ano se foi com chave de ouro.

Entretanto, Heitor não agia de forma normal. Ele raramente dormia aqui em casa, às vezes nem falava comigo, ele conheceu uns amigos diferentes e desde então, passou a sair com eles e se divertir por aí. Não era mais aquele mesmo menino sorridente e caloroso que eu convivi, ele mudou.

Heitor não namorou mais, porém, eu perdi as contas de quantas garotas ele já tinha ficado. Em casa, a sua mãe não tinha mais domínio, era constante as discussões. Por várias vezes eu a vi triste conversando com minha mãe sobre o comportamento rebelde do filho. Até bêbado ela o presenciou chegar.

Eu não sabia o que fazer para ajudar. Ele mal falava comigo, e eu também tinha os meus próprios problemas.

Mas ainda assim, eu era a sua melhor amiga, eu me via na obrigação de ajudá-lo.

Então, no final de uma tarde quente, típica de início de verão, eu chamei Heitor para dar uma volta na rua em frente de nossas casas. Ele estava sentado como sempre, na varanda e lendo um de seus gibis. Quando me aproximei para chamá-lo, fiquei com medo dele me rejeitar. No entanto, para minha surpresa, ele assentiu e deixou a revista lá, me seguindo em passos lentos.

Após alguns minutos andando pela rua, eu quebrei nosso silêncio, não controlando mais a minha curiosidade:

— Heitor, por que você não dormiu mais comigo, digo, lá em casa? — coloquei minhas mãos no bolso do meu short e o olhei de lado.

Heitor não tinha uma expressão muito boa no rosto. Ele tinha o olhar cansado, o cabelo vivia preso, e seu estilo havia mudado. Ele passou a usar jaquetas e roupas totalmente pretas. Além de ficar horas trancado no quarto, sem sair para fazer absolutamente nada, a não ser sair com os garotos esquisitos que ele chamava de amigos.

— Eu sou homem, não acho que temos mais a idade de agir como duas crianças inocentes. Não tem como dormir do seu lado, na mesma cama, sem que eu tenha reações involuntárias, Suzana. — a voz de Heitor parecia vacilante.

Ele não me olhou para dizer isso. Porém, pareceu certo do que dizia. Paramos de caminhar e nos sentamos no banco improvisado do ponto de ônibus.

Eu não o respondi, eu fiquei um pouco chateada, mas, no fundo eu entendi o que ele quis dizer.

Não sei por quanto ficamos ali em silêncio, ele ficou encarando o outro lado da rua, sem demonstrar emoção alguma. Eu queria muito saber no que ele estava pensando.

Vestígios De Uma Amizade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora