Wolfgeist tremia de frio. A estratégia que ele tinha formado junto com seu parceiro havia dado certo. Se passara vinte anos, mas os cavaleiros austríacos eram os mesmos. Burros como sempre. Ele entrava e saía do Palácio sem que ninguém percebesse. Olhava seus sobrinhos. Vagner havia se transformado em um rapaz igualmente a seu irmão, o que lhe dava prazer em lhe matar. Toda vez, que olhava Vagner, via seu irmão e queria descarregar sua ira, por ter nascido e roubado seu lugar de direito. Ele era o mais velho, óbvio, mas ainda assim, havia roubado seu lugar. E via também Luísa e a moça linda que ela havia se tornado. Dava até pena matar uma moça tão bonita como aquela. Mas, era essencial para assumir seu lugar. O importante era que agora ele finalmente poderia assumir o poder. Ser kaiser, como sempre sonhou. Seu irmão que havia nascido errado. Aquele cargo sempre foi dele. Ele passou 22 anos enclausurado pelo simples fato de seu irmão achar que ele era maníaco. Bobo. E Wolfgeist ainda tinha cortado o cabelo e a barba, não seria reconhecido tão facilmente.
Enquanto bebia um café para tentar se aquecer, bolava outra estratégia para conseguir entrar no castelo sem que ninguém percebesse. Até que escutou um rapaz falando.
- A kaiserin mandou fazer estes krapfens especialmente para a arquiduquesa Luísa. Dizem que ela adora estes doces. — O rapaz de idade jovem sorri — Ah, como eu faria de tudo para conhecer, ou ao menos, vê-la. — suspirou.
- Prefiro a arquiduquesa Sophie, ela sim, é bela. E tem modos. Ouvi dizer que a arquiduquesa Luísa atira arco e flecha, e ainda por cima, cavalga. — O outro reclamou.
- Seja como for, ainda prefiro aquela ruiva. Devo me apressar, estes doces devem chegar ainda quentes. — se despediram e o rapaz logo saiu.
Wolfgeist bateu o copo no balcão, agora vazio, e saiu seguindo o rapaz. Quando ele ia subindo em sua charrete, Wolfgeist chamou-o.
- Sim? — virou-se e o duque se aproximou mais.
- Escutei que estes doces são os krapfen, quanto custa um? — observou os doces, em uma cuba na mão do garoto.
- Desculpe Herr, mas estes doces não são para vender. Foram encomendados especialmente para a arquiduquesa. — Wolfgeist se aproximou ainda mais, fazendo o garoto estranhar — Com licença, preciso ir rapidamente.
Em um movimento hábil da parte de Wolfgeist, ele esfaqueia o rapaz, deixando cair a cuba com os doces no chão. O duque se abaixou e pegou os doces, subindo na charrete.
- Muito obrigada por estar no meu caminho, garoto. E que pena que você não poderá ver minha sobrinha. — sorriu e chicoteou o cavalo, para ir mais rápido.
※
Vagner acordara mais cedo. Ele gostava de caminhar pelos os arredores do Palácio, e gostava ainda mais quando ele fazia aquilo sozinho, sem ninguém o acompanhando.
Ele sabia que era arriscado, mas quem poderia fazer uma maldade com ele, dentro de sua própria casa?
Às vezes, ele queria mudar de corpo, para não ter que virar kaiser. Governar, ter de se preocupar com diversas pessoas, ter responsabilidades... Não gostava nem um pouco daquilo. Mas o que poderia fazer? Infelizmente, não poderia mudar.
Caminhava lentamente pelos os corredores de Hofburg, até que escutou um barulho. Não foi tão alto, mas deu para escutar nitidamente. Olhou para trás, e não viu nada. Devia ser coisas de seu pensamento, pensou.
Entretanto, escutou passos. Virou-se para trás e seu corpo quase todo estremeceu. Era Wolfgeist.
- Vagner, meu sobrinho! Como está? Não vai vir dar um abraço em seu tio? — o arquiduque começou a ofegar e se tripudiou por não ter chamado alguns guardas. Como pôde ser tão tolo? — Venha meu rapaz! Ou vai ficar parado, olhando para mim embasbacado? Sei que mudei bastante, mas ainda estou reconhecível. — gargalhou.
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Uma Imperatriz em Mim [HIATUS]
Historical FictionUma jovem governante. Uma família desfigurada. Um chanceler, um guarda e uma prima distante, mas não tão distante. E uma garota que assumiu responsabilidades mais pesadas que suas costas poderiam carregar. Luísa era uma garota totalmente despreocupa...