Décimo Nono.

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- Minha cabeça parece um turbilhão. — a kaiserin tomou o café escaldante que a criada lhe trouxe.

- A senhora não devia ter falado aquilo para todos. — Dieter, o mordomo de Luísa, escolhido a dedo por Angelica, respondeu, enquanto ela tentava se acalmar.

- Eu sei, mas... Não havia como esconder isso. Era melhor falar de uma vez. — respirou, se concentrando nas finanças do Império. Percebia muitos desvios e desfalques no dinheiro público.

- Devemos de alguma forma, melhorar a sua imagem. Alguma caridade, talvez. — replicou.

- Sim, Dieter, mas depois pensamos nisso. Há alguma reunião hoje? — questionou, levantando o olhar para o homem.

- Sim, Majestade. Há uma com Vossa Graça, o chanceler. Mas como hoje é domingo, resolvi transferir as de hoje para amanhã.

- Obrigada, Dieter. — sorriu, amavelmente — Pode se retirar.

Dieter fez uma vênia, e saiu apressadamente.

Luísa suspirou e passou a mão no rosto, olhando as finanças. Havia muitos, muitos desfalques. E tudo durante o governo de Rainer. Os impostos recolhidos, que poderiam ser utilizados para construírem qualquer coisa para o povo, simplesmente sumiram. E ela nem queria pensar aonde eles foram parar.

Também estava preocupada sobre o que as pessoas estavam falando sobre sua decisão. Os rumores de ontem para hoje, já estava na boca de todos os cidadãos do país. Era muito chato você ser incompreendida por uma decisão que pensou pelo o bem de todos. Afinal, era a segurança deles que ela estava pensando!

Levantou-se, e foi até a janela de seu gabinete, observando as gêmeas brincarem com Coco. Sorriu, e sentiu uma lágrima cair de seu olho.

- Eu daria tudo pra ter esse tempo de volta. — limpou, e mexeu no nariz, voltando a se sentar na mesa.

Analisou a pilha de documentos financeiros, e percebeu que maioria do dinheiro do Império, vinha das minas de diamante, ouro e rubi. Fora os impostos altíssimos cobrados, tinha também a agricultura do sul do país. E ela não entendia como ainda havia pobreza na Áustria. Como?

Amanhã, o primeiro ministro francês chegaria, mas somente ele e alguns guardas pessoais seu. Os empregados já haviam preparado os respectivos quartos, e ela pediu para Angelica supervisionar tudo. Na Áustria, o trabalho da kaiserin é cuidar do Palácio e administrá-lo; entretanto, Luísa estava ocupada demais para fazer aquilo.

Luísa gostava bastante de Angelica. Ela entrou no Palácio como babá dela e de Vagner, e com o tempo foi conquistando a confiança de Charlotte, e assim virou a governanta do Palácio de Hofburg. Assim, conquistou a confiança também de Luísa, e ficou encarregada de administrar o Palácio de Schönbrunn.

Com toda cautela, Angelica vasculhou os quartos, a pedido de Luísa, para ver se encontrava qualquer coisa estranha. Vasculhou o quarto do primeiro-ministro, mas não achou nada. Entretanto, nos dois últimos quartos dos guardas, encontrou adagas debaixo da cama. A governanta arregalou os olhos, e segurou as adagas nas mãos frias. Procurou alguma coisa para disfarçar a presença delas, e resolveu colocar no bolso do vestido azul, que era coberto por um avental branco. Colocou, e alisou o vestido, de forma que ficasse irreconhecível a presença das munições ali.

Cumprimentou os guardas, e caminhou rapidamente até o lado de fora do Palácio. Passou pelos portões, tentando não chamar muita atenção, e quando se viu perto de uma relva, jogou as adagas até então escondidas em seu vestido. Depois, foi ao mercado público, comprar algumas coisas apenas para fazer jus a desculpa que usara, em comprar pessoalmente as frutas preferidas da kaiserin.

Quando Angelica retornou, foi direto ao gabinete de Luísa, e pediu que Dieter a anunciasse com urgência. O homem encarregado de organizar a agenda da moça, pediu que ela esperasse um pouco, pois a mesma estava em uma reunião com os conselheiros, avisando a atitude drástica que havia tomado para o Exército austríaco se fortalecer.

A governanta não aprovava a opção de Luísa, mas tinha certeza que aquela era a mais interessante ao país, pois se não fosse, ela não teria escolhido.

Enquanto estava sentada em uma das poltronas da antessala, Angelica tentava se acalmar e Dieter apenas a olhava de soslaio, enquanto organizava as reuniões de Vossa Majestade.

Não demorou muito tempo, os conselheiros saíram do gabinete, conversando entre eles, e Dieter anunciou Angelica a Luísa, que pediu para entrar rapidamente.

" - Angie? Aconteceu algo importante? — Luísa sorriu amavelmente, transferindo toda sua atenção para a mulher em sua frente.

- Aconteceu, Lis. Encontrei duas adagas nos respectivos quartos dos guardas franceses. — a moça desmanchou o sorriso e caiu na cadeira.

- Realmente? Oh mein gott. E o que você fez?

- Joguei na relva aqui próxima. Fiz mal?

- Nein! Você fez ótimo, Angie! Muito obrigada, se os franceses chegassem aqui e encontrassem estas adagas... Eu nem sei o que fariam. — levantou-se e foi até a governanta de cabelos de fogo. — Obrigada, não sei o que seria de mim sem você, Angie. — abraçou-a.

Angelica passou a mão pelo o rosto de Luísa e sorriu.

- Posso te fazer uma pergunta, Angie? — a governanta balançou a cabeça, assentindo. — Você... Ficou com raiva da aliança que fiz? questionou e Angelica suspirou, se afastando um pouco.

- Tenho certeza que esta foi a solução mais... aprazível a se tomar. Claro que eu não gosto muito dos franceses, porém, se eles vão melhorar nossa segurança, é o melhor a se fazer. — a mulher se aproximou um pouco mais de Luísa e tocou em seu cabelo, acariciando-o. — Mas, eu nunca irei lhe perdoar, é se você deixar o poder subir a sua cabeça. Nunca deixe essas pessoas mudarem a sua essência, Lis. Continue com a sua humildade e sua empatia, não deixe ninguém te mudar. — tocou o rosto da moça e saiu do gabinete.

Luísa se lembrou das palavras ditas por Angelica, e baixou a cabeça, deixando os cabelos ruivos lhe cobrirem a face.

O que estava acontecendo com ela?

Desde que tinha se tornado kaiserin, tinha mudado um pouco. Estava ficando um pouco... Soberba? Não. Ela não podia se transformar dessa maneira. Não podia deixar um simples título, mudar toda sua essência. Era demais.

Escutou batidas na porta, e Dieter enfiou a cabeça para dentro do gabinete, questionando se o chanceler poderia entrar. Luísa concordou.

- Bom dia, Luísa. — o chanceler cumprimentou e ela sorriu, apontando a cadeira para ela se sentar.

- Chanceler, antes que dialogarmos sobre a chegada dos franceses, queria avisá-lo de algo. — a kaiserin falou, passando os dedos pelos papéis manchados a tinta.

- Do que se trata? Percebo em seu tom de voz que é uma coisa séria. — Joachim endireitou sua postura.

Luísa suspirou. Como diria aquilo?

Se ajeitou na poltrona, e uniu os papéis um aos outros, batendo eles na mesa, soando apenas o som disso.

- Estamos... — suspirou e o chanceler pediu que ela falasse logo. — Estamos quase falidos.

Boom! Por essa ninguém esperava né?

Gente, mil perdões pelo o atraso, mas é que minhas aulas começaram e esse ano eu faço Enem — mas é só um teste — e eu estou morrendo de estudar, quase não tive tempo de pegar no celular.

Mas, então é isso... Próximo capítulo, os "amados franceses" para não dizer o contrário, chegam e veremos o que acontecerá.

Au revoir meus nenéns 😘❤

Uma Imperatriz em Mim [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora