Áustria, 15 de outubro de 1672,
Querida Alice, há tantas coisas para falar-te nesta carta! Mas a primeira é: por que não se despediu de mim?
Enfim, esperarei a próxima carta para saber a resposta. Minha prima, minha vida tem virado um rebuliço desde que Vagner... Desde que ele se juntou com Deus no céu. Oficialmente, agora tenho 3 professores; mama, o chanceler e meu guarda pessoal. E eu juro que nunca pensei que para ser uma boa kaiserin precisaria de tanto esforço, mas juro que estou fazendo meu melhor!
O chanceler me ensina todas essas questões sociais, econômicas, todas as falhas do Império que devo saber. Mama, refresca minha memória com toda sua etiqueta e Anton, meu guarda pessoal, me ensina como me defender. Estes rebeldes estão sedentos pelo meu sangue e isso me apavora a cada dia.
Faz três dias que chegamos neste novo palácio. É uma verdadeira fortaleza, Alice! Mas, toda essa vida de preparação é um tanto entendiante. E o pior, quase não tenho ninguém para conversar. E somente consigo escrever esta carta porque estou em meu intervalo. Estou atônita, com medo de algo dar errado e muito, muito nervosa.
Isso é tudo. Espero que fique bem.
Com amor,
Maria Luísa W. A. C. De Habsburgo.
Luísa dobrou o papel, pousou a pena na escrivaninha e colocou a carta dentro do envelope, colocou a cera vermelha derretida em cima e a selou com as iniciais L e H.
- Não está com fome, Lis? — Barbara questionou de um lado do quarto — Mandei trazer seu almoço aqui para o quarto.
- Demais, Babi! Minha barriga está até reclamando! — sorriu e se levantou, indo até a varanda. Antes, entregara a carta — Preciso que você mande entregarem esta carta para Alice. Urgente.
Barbara assentiu e saiu do quarto, deixando Luísa sozinha. A arquiduquesa sentou-se na mesa e levantou a redoma que cobria o prato, deixando à mostra um frango e algumas cenouras. Na mão esquerda, equilibrava um livro sobre economia e na direita, o garfo.
Logo sentiu uma pontada na cabeça e resolveu deixar o livro de lado, focando toda sua atenção no prato. Enquanto comia, refletia sobre aqueles três dias que tinha chegado no palácio.
No primeiro dia, depois da conversa com sua mãe, Luísa foi direto para biblioteca para aprender todos os déficits do Império, junto com o chanceler. Já era quase de tarde, e por isso, ficaram lá até quase a hora de dormir.
Já no dia seguinte, a manhã foi recheada de aprendizado sobre modos à mesa e etiqueta, mas sobrando um tempo para brincar com as gêmeas. Sylvia, Natália e Sophie estavam chateadas com ela, porque a culpavam pela mudança do palácio. Rainer ainda continuava sem falar com Luísa, e seu quarto era na Ala Norte, enquanto o dela era na Ala Sul. E à tarde, mais estudos com o chanceler.
Mas, no terceiro dia, foi o qual Luísa mais gostou. Suas damas a acordaram cedo, e colocaram três camadas de roupa, para protegê-la da nevasca que fazia.
Anton a esperava de frente para o grande lago que tinha na área do palácio. Rapidamente, a entregou uma espada de prata, que ela deixou cair.
"Luísa, para você aprender a se defender, você primeiro deve saber segurar uma espada!" Exclamou e Luísa se desculpou. O guarda a ensinou como se pegar em uma espada, e se desviar de golpes.
Acabou com o almoço, e colocou os talheres de em cima do prato. Barbara voltou, dizendo que já tinha pedido para mandarem a carta.
- E agora? Você vai ter aula de quê? — questionou, sentando frente a frente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Imperatriz em Mim [HIATUS]
Historical FictionUma jovem governante. Uma família desfigurada. Um chanceler, um guarda e uma prima distante, mas não tão distante. E uma garota que assumiu responsabilidades mais pesadas que suas costas poderiam carregar. Luísa era uma garota totalmente despreocupa...