A Feia e a Fera - Parte 4

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Apesar de haver dormido tarde na noite anterior, eu precisava acordar bem cedo para meu trabalho no castelo. Levantei-me com o cantar do galos. 

Andando pela casa era possível ver algumas coisas que sobraram da festa ontem, sai e não encontrei ninguém acordado, todas ainda dormiam.
A caminhada pela vila foi breve, cheguei rapidamente ao castelo, cumprimentei meu colegas e já corri para trocar de roupa.

Ao entrar na biblioteca sou surpreendida pela pergunta do Rei:

— Você já começou a ler o livro?

— Ainda não soberano!

Digo ao me aproximar da mesa, depositando a bandeja em cima da mesa, parando em sua frente encarando seu rosto, a cada dia que passa eu perco mais o medo de lhe encarar. 

— Porque?

— Ontem minha irmã casou e fiquei bem ocupada...

— Eu gostava de casamentos — ele sussurrou nostálgico recostando-se em sua cadeira — conte-me como foi a festa.

— Senhor....

O Rei estava sentado em sua cadeira, olhando para o teto, como se estivesse esperando eu começar a falar e descrever o singelo casamento de minha irmã.
Eu não sabia o que falar, eu não era autorizada a falar com o Rei, mas a majestade estava puxando conversar e eu não sabia o que dizer.

Eu apenas pensava: "Meu Deus, tenha misericórdia de mim". Vendo o meu silêncio, ele voltou a me encarar, eu gelei, minha inspiração congelou, meus neurônios entraram em choque, os coitados esqueceram como realizar as sinopses nervosas, pois minha mente estava em branco, nada era raciocinado.

— Bella é seu nome, não é?

— Sim... Majestade.

Agora eu estava quase convulsionando, como que a majestade iria saber o meu nome, eu sou uma mera empregada, feia e gorda que em meio a tantos súditos eu não sou nada. Mas ele sabe quem eu sou, meu Deus. 

— Eu pedir que me descrevesse o casamento...

— Majestade...

— Pode me chamar de Adam!

— Eu prefiro continuar sendo respeitosa com seu título Majestade.

— Certo se assim quiser.

— Como ia dizendo, foi uma festa simples...

Na próxima meia hora eu contei detalhadamente tudo que ocorreu na cerimônia. No começo eu estava bem nervosa, falar diretamente com o Rei Fera é amedrontador, porem depois de dez minutos, eu fui perdendo o nervosismo e eu fui me libertando, quando comecei a contar das danças.

— Você dançou?

Até aquele momento ele não tinha me interrompido e sua pergunta pegou-me de surpresa.

— Se eu dancei...?

— Sim!

— Não — falei envergonhada.

— Porque?
Droga eu não sabia se poderia responder, que eu fiquei apenas observando, enquanto todos dançavam, que nunca eu era tirada para dançar. Eu sempre era invisível para os rapazes.

— Porrr q..qu..que Majestade... Eu preciso voltar para o meu trabalho, se demorar mais vou ser advertida e com toda minha conversa, o desjejum já esfriou, senhor.
Estou virando-me para se retirar da biblioteca, quando ele diz com sua voz forte:

— Fique! — Ordenou.

Eu congelei no lugar.

— Responda a minha pergunta...

Eu fico parada, abaixo minha cabeça, naquele momento eu não consigo encara-lo.

— Porque eu sou feia e gorda, os rapazes nunca me olharam uma segunda vez, por isso não dancei, na realidade eu nunca fui tirada para dançar. — Ao final da frase estava me segurando para não chorar, apesar da voz já estava um pouco embargada.

— São uns tolos esses rapazes.
Meu coração quase saiu pela boca de tão acelerado que ficou ao ouvir sua sentença. O que realmente ele queria dizer com aquela frase? Levanto rapidamente meu olhar para lhe encarar querendo ler em seu qual significado realmente da fase que havia proferido, mas seu rosto estava inexpressivo, apenas me encarava de volta.

— Sim eles são ... digo para não ficar calada, porque o silencio que se iniciou era angustiante.

— Majestade — somos surpreendida pela entrada abrupta do Primeiro Ministro Sir Henrique
Mendiolla, ele é a cara da nobreza do reino de Encantia.

Enquanto o Rei permanece recluso em seu castelo, sem quere ver ninguém a não ser os criados e o ministro, ele regia o reino como fosse dele.
Henrique é personificação da beleza: alto, louro, de olhos azuis com o tórax largo e forte, mas seu olhar frio faz com eu sinta um frio estranho na espinha. Eu não sei, porque mas eu sinto medo dele.

Ele percebe minha presença e olha-me como se eu fosse um nada. Vejo minha oportunidade para escapar, sei quando estou sobrando.

— Majestade, Primeiro Ministro, com licença — saiu de fininho.

— Bella — o Rei diz meu nome, gostaria que quando você lesse o livro, me avisa-se, para discutirmos.

— Sim alteza

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