A Herdeira de Tramonto - Parte 3

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DE VOLTA PARA CASA

Thais foi apresentada ao pai de Joe, que era quem comandava o exército que enfrentaria Filon. Não houve tempo para formalidades ou qualquer outro assunto que não fosse o plano que estava por ser posto em prática. Naquele momento, arqueiros já estavam nas copas das árvores e os cavaleiros estavam em formação logo após as colinas. Por todo o caminho que Filon e seus homens iriam passar, haviam armadilhas camufladas pelas folhas secas que cobriam todo o chão da floresta.

— Princesa, mais adiante há um cavalo a sua espera e um grupo dos meus homens que foram designados para sua guarda — disse o comandante.

— Obrigada, senhor!

— Thais — Joe aproximou-se dela. — Cuide-se, está bem?

— Não se preocupe comigo, ficarei bem. E vê se não morre, por favor. — Joe riu e beijou-lhe a testa de forma terna. — Nos vemos no castelo.

Thais, Alê e Nara seguiram pela floresta na direção contrária onde aconteceria a batalha. Estava indo recuperar o que foi tirado dela há muito tempo. Sem Filon no castelo e com a guarda em menor número, ficaria relativamente mais fácil tomar posso palácio e tudo havia sido planejado previamente. A cozinheira do castelo, por acaso era contra Filon e concordou em ajudar no que fosse preciso.

Assim que o usurpador do trono saiu com metade dos seus homens, a cozinheira alimentou o restante dos soldados que haviam ficado no castelo. Ela acrescentou um sonífero muito forte à comida e em poucos minutos todos caíram em um sono profundo, facilitando a entrada de Thais e os outros. Uma vez dentro do castelo, não foi difícil locomover-se, pois dentre os mapas que Nara entregou a Thais, havia uma planta do palácio.

Enquanto isso, na floresta, Filon e seus capangas eram surpreendidos. Joe e o exército tinham vantagem por conhecer bem a área onde estavam. Os arqueiros conseguiram abater alguns homens de Filon graças à boa visão que o alto das árvores lhes proporcionava e outros foram imobilizados nas armadilhas. De trás das colinas saíram a grande massa do exército e lutaram bravamente.

Filon, vendo que estava vulnerável, recuou de volta ao castelo, mas Joe percebeu seu movimento, pegou o primeiro cavalo que viu em sua rente e saiu em disparada, seguindo-o. Não podia permitir que Filon alcançasse Thais antes dela conseguir tirar todos os aliados dele de lá.

Já no castelo, Thais, Alê e Nara se dividiram na missão de encontrar os aliados de Filon. Não foi difícil. Todos foram imobilizados e levados para o salão principal. Thais a Nara e Alessandra que convocassem a maior quantidade de pessoas que conseguisse naquele salão: os empregados do castelo, os moradores dos povoados, os soldados. Ela queria que todos soubessem que ela havia retornado e que aquele período de penumbra estava para acabar.

Enquanto as pessoas iam chegando, Thais arrancou as grossas cortinas e abriu as enormes janelas do recinto, deixando a luz entrar e mostrando toda a beleza existente naquele lugar. Dessa forma ela pôde olhar para o rosto dos que estavam ali presentes, porque era isso que ela gostaria fosse daquele momento em diante: sem obscuridade, tudo às claras.

A medida que o grande salão ficava lotado, as pessoas começaram a perguntar o que acontecia ali. Thais, então, contou quem ela era, mas não obteve a reação que desejava.

— Se isso é verdade, porque nunca ouvimos falar da sua existência? — perguntou um.

— Onde esteve todo esse tempo? — quis saber outro.

A princesa respondeu a todos os questionamentos e explicou toda a história, desde o início, da mesma forma que Joe contou para ela.

— Eu pretendo mudar a realidade que vocês vivem hoje — continuou ela. — Não serão mais escravizados e ninguém mais tomará o fruto do trabalho de vocês. Mas, para que isso aconteça, preciso do apoio de todos vocês. Sozinha eu não consigo fazer muita coisa, mas juntos somos mais fortes e alcançaremos nossos objetivos.

As pessoas começaram a gritar palavras de apoio, algumas delas sorriam e a maioria tinha esperança no olhar. Mas o olhar deles mudou bruscamente para espanto. Thais olhou rapidamente para trás de si e viu, vindo em sua direção, com a espada em punho, Filon. Joe havia lhe dado uma espada também, caso houvesse alguma emergência — e com certeza aquele momento era uma emergência. Então ela desembainhou sua espada e deteu-o antes que a lâmina dele chegasse perto dela. Thais poderia não saber matar alguém com uma espada, mas certamente sabia como não ser morta por uma. O tilintar das lâminas ecoava pelo recinto, deixando as pessoas acuadas e assustadas.

— Você acha que consegue tirar de mim tudo o que me pertence sozinha? — Filon provocou-a.

— Não acho, tenho certeza. — Houve mais alguns golpes. — Outra coisa: tudo isso aqui é meu, não seu. — Filon, em um golpe rápido, conseguiu desarmar Thais, que caiu no chão. Ele sorriu triunfante, mas não entendeu porque Thais também sorria. — E eu não estou sozinha.

Joe apareceu no meio da multidão e aproveitou o curto momento de distração de Filon e o atacou, atirando a espada dele para longe. O vilão tentou lutar, mas Joe foi mais rápido, girou todo o seu corpo e desferiu um chute na altura da sua cabeça. Filon caiu, nocauteado. Joe pegou sua espada e direcionou a ponta na garganta de Filon.

— Não! — Thais gritou. — Pare, joe.

— Thais, esse homem...

— Eu sei o que ele fez. — Ela aproximou-se dele e o encarou. — Mas não é sujando nossas mãos de sangue que vamos recomeçar. — Joe concordou e recolheu a espada.

— Não quero sua misericórdia — resmungou Filon entredentes.

— Mas é isso que terá de mim — Thais respondeu.

— Prefiro que me mate. 

— Não o farei. Chega de mortes, basta de derramamento de sangue. Você será julgado de acordo com as leis que meus pais implantaram. 

— Eu sei que não é isso que você quer.— Filon mantinha um sorriso demoníaco nos lábios. — Eu matei seus pais, escravizei sei povo. O que você procura é vingança. 

— Eu procuro justiça. Você pagará pelos seus crimes, eu recuperarei o que é meu por direito e meu povo terá de volta tudo que lhes foi tomado.  

— Está errada. Em breve verá que está comentando um erro. Um dia você cairá em si. 

— Levem-no daqui — ordenou.

As pessoas assistiram a tudo e comemoraram quando Filon e sua corja foram levados às
masmorras do castelo. Tudo levava a crer que finalmente as coisas iriam melhorar dali para frente.


The End...?

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