No Seu Ritmo - Parte 5

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Senti um leve afago em meus cabelos. Abri os olhos e me deparei com as mais lindas e expressivas ires castanhas. Seu pequeno sorriso amornou meu coração, seria um sonho? Acho que sim, e eu não queria acordar mais.

— Não queria te acordar, volte a dormir... – continuou com o delicioso carinho.

Afirmei já fechando os olhos, e realmente dormi sem receio.

***

Trim... trim... trim...

Escuto meu despertador soar.

Levanto por hábito, já fazendo o mesmo percurso. Chaleira no fogo e corro para o banheiro. Após todo o ritual, sigo para o andar de baixo, e pego os utensílios de limpeza. Faço tudo no automático até que percebo a figura intimidante a minha frente.

— Bom dia! Dormiu bem? – pergunta, me olhando intensamente meu rosto.

— É... Dormi, e você? – retribuo a gentileza, ruborizando até a alma.

— Digamos que minha noite foi produtiva – falou, mas não entendi o que ele quis dizer com aquilo.

— Vamos tomar café, preciso te mostrar algumas coisas – veio em minha direção e plantou um beijo em minha testa.

Não ousei me movimentar. Então ele retirou os objetos de limpeza de minha mão e me puxou rumo a saída da escola. Passei por dona Consuelo na recepção que apenas me lançou um sorriso e uma piscadela. Isso só fez meu estômago embrulhar ainda mais.

— Prefiro não voltar aquele restaurante – confesso lembrando-me da cena que aconteceu no dia anterior.

Ele me olha e para o carro. Desce e segue para o lado do carona, no qual eu estou. Abre a porta e me oferece a mão. Observo seu gesto tentando entender o que ele pretende fazer, mas mesmo com receio aceito e pego sua mão. Ele me conduz até a entrada de uma pequena lanchonete, que me fez querer enfrentar o restaurante.

— É melhor eu esperar você no carro – digo parando no meio da calçada. Ele estudou meu rosto por um momento.

— Por que não quer entrar? – contei-lhe que trabalhei naquele local por um tempo, e narrei brevemente o que aconteceu.

— Pois agora é que vamos entrar – disse incisivo – Ele não pode te ameaçar para não pagar seus direitos.

Puxou-me para dentro do estabelecimento e sentamos próximo do balcão. Quando o homem me viu sua fisionomia mudou e veio logo me questionar:

— O faz aqui? Eu te avisei para não voltar mais! Saia ou chamo a polícia, eu não vou te pagar nada – queria sair urgente dali. Tentei me levantar, mas Bernardo me segurou.

— Ela não vai a lugar algum. E você tem contas a acertar com ela – disse assumindo seu porte de advogado.

— E quem você pensa que é para se meter nesse assunto – falou esbravejando.

— Sou advogado dela, e adivinhe, só sairemos daqui depois que você acertar tudo que deve a ela ou a encontrará diante de um juiz. O que prefere? – o homem perdeu a cor.

— Ela é quem vai ser presa, não fui eu quem matou um homem – meu coração gelou com a declaração dele.

— Ela não matou ninguém, o único a temer a lei aqui é você – inquiriu fazendo-me olha-lo assustada.

— Ela me contou tudo... – tentou argumentar.

— Ela estava errada, o homem está bem vivo e preso – olhou para mim – Esse é um dos assuntos que quero tratar com você.

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