Capítulo Vinte e Oito

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Agnes...

Antes que eu chegasse à faculdade meu celular tocou e como tínhamos todos passado por essa noite horrível... Atendi.

- Sou eu! – Minha melhor amiga e cunhada, não parecia estar muito bem. - Sei que você tem aula, mas minha mãe cismou que quer falar com a Sabrine. Eu consigo a visita, mas tenho medo de que ela não queira falar com a gente. Pensamos que se você... – Eles queriam que eu fosse junto. Acham que teria mais chances que eles com a Sabrine? Pensei em meus horários e não teria problema algum em faltar por hoje, era uma boa causa à tia Su, devia estar ansiosa por ver o neto.

Encontramo-nos à porta delegacia e em pouco tempo a Nina saia com uma folha em mãos.

- Adivinha só quem acabou de ganhar o dia Sargento? - Um homem brincou olhando para a Nina antes de ela chegar até onde esperávamos. Ele parou à frente dela.

- Posso passar? - Ele suspirou e sorriu...

- Eu poderia ficar olhando para você o dia todo.

- Deixa a garota passar tenente, temos muito trabalho pela frente.

Quando ela chegou eu conhecendo o olhar da Nina sabia que ela estava furiosa com a paquera do oficial.

- Odeio homens que não respeitam mulheres. Se aproveitam de seu poder ou de seus cargos para criarem situações com esta. Constrangedoras. Eu estou convivendo com uma colega da pós-graduação, que foi agredida sexualmente por dois policiais fardados em uma falsa blitz. Abordaram o carro dela e quando perceberam que ela havia bebido um pouco mais, a levaram para o pátio do departamento de polícia e transaram com ela... Os dois.

- Nina... - Tia Su estava horrorizada.

- Mãe... Isso é mais comum do que a senhora imagina, mas o asar deles é que ela é da minha turma, uma das melhores. E quando o celular caiu no chão ligou para o último número que foi para o namorado.

- Pobre coitado. Ainda teve que ouvir isso? - Senti um arrepio.

- Sorte dela. Eles poderiam até ter matado e dado sumiço no corpo. Mas ele rastreou o carro e encontraram-na. E eles também.

- Nina toma cuidado. Esse é o moço que esteve lá em casa. Conte isso ao Jordan.

- Vou contar sim mãe.

Nós demos a volta no quarteirão e entramos no presidio de segurança menor. Ala feminina.

Fomos conduzidas a uma sala com uma mesa. Entramos e sentamos depois de passamos por uma revista. Abriram a porta e a Sabrine entrou. Estava com a mesma roupa de ontem. Olhos vermelhos e despenteada. Meu coração se cortou ao vê-la.

Ela parou à porta, talvez envergonhada. Fui até ela e abracei. Só depois disso ela me abraçou e chorou. Sequei minhas lágrimas e me culpei. Devia ter trago roupas e pente. Escova de dente. Ela não tem família que possa fazer isso por ela.

- A tia Su quer falar com você. - Nos sentamos em torno à mesinha de madeira.

Ela parou de chorar e ouviu atentamente as perguntas da tia Susana, depois de algum tempo em silêncio, respondeu.

- Eu não sei por que eu falei sobre aquilo. Foi um momento de desespero.

- Como assim Sabrine?

- Só depois que me acusaram de estar junto com meu pai que pensei em várias possibilidades então disse aquilo, mas não tenho certeza.

- Como assim? Me explica melhor. - A Nina tirou um bloco e uma caneta.

- Não posso dizer que nunca soubesse, porque se tivesse juntado os fragmentos, teria entendido, mas estava tão magoada com tudo o que estava acontecendo comigo, meu namorado, meu irmão me tirando tudo o que ganhava, e meu pai agindo estranhamente. Eu cheguei a pensar que no dia em que o Paulo esteve em minha casa, que meu pai o conhecia, mas depois não achei ligação alguma. Ele ficou muito bravo, ao ver que o meu bem-feito, era o Paulo. Eu não sei se ajudarei em algo.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora