Capítulo vinte e um

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Paulo,

- Tem visita! – Minha mãe entrou no quarto e acendeu a luz. – Tem visita! – Ela repetiu me vendo tirar os fones. Provavelmente achando que não tinha ouvido.

- Obrigado mãe! – Ontem depois que cheguei em casa, havia decidido passar o fim de semana sem sair do meu quarto. – Quem é? – No entanto, antes que minha mãe dissesse, ela entrou.

- Oi!

- Fique à vontade Agnes. Se precisarem de algo é só chamar.

- Pode deixar a porta aberta mãe. – Mas, não adiantou nada, ela passou e fechou a porta atrás de si.

- Se quiser descer...

- Tudo bem! – Minha cabeça latejava. – Senta! – Puxei a cadeira da escrivaninha do computador para ela. – Pulou da cama?

- É! Eu fui ver algumas fotos com o Tony, para escolhermos as joias com as quais vou pousar para a revista.

- Que bom! Isso é bom!

- Sua animação me contagia, Paulo.

- Estou feliz sim! Fico feliz por você!

- Eu tenho pensado em tudo o que me disse, essa semana. E até tentei te procurar antes, mas na terça você estava em reunião, na quarta atendia um cliente, na quinta estava em uma obra, ontem esperei você e sua secretária disse que estava resolvendo algo de cunho pessoal, e que provavelmente não voltaria ao escritório. Então pensei... Ele está fugindo de mim, só pode.

- Sabe que nunca faria isso. – Não chegava bem a ser um "fugir", mas dar espaço.

- Faria sim, Paulo. Não pense que sou boba. Posso ser imatura como disse. Posso até agi com certa infantilidade, mas eu não sou idiota.

Não confirmei, muito menos neguei que estivesse a estivesse evitando. De tudo o que nos aconteceu, eu tirei uma lição muito importante, não me afastar de meus valores. Minha mãe tem vindo todos os dias até meu quarto e dito o quanto nos ama. E que eu precisava me lembrar disso sempre, mesmo que tivesse trinta e cinco, quarenta ou cinquenta anos. E minha conversa com a Agnes foi baseada em uma conversa, na qual dona Suzana tinha usado para me chamar de volta à realidade.

- Minha mãe me disse outro dia Agnes, que relacionamentos são complicados. Sejam eles entre família ou não. Mas que o mais difícil de todos, é o relacionamento entre homem e mulher.

- Nem me diga. – Estava tão próxima de mim, que podia tocar seu rosto e esquecer tudo o que precisava ser dito naquele momento.

- E eu fiquei pensando muito em nós. E acabei não encontrando mais palavras para te dizer. Só não pense que abri mão do que podemos ser, só não sei a hora certa, e muito menos o que fazer. Mas a porta do meu coração estará sempre aberta pode acreditar.

- Eu também tenho pensado muito em nós. – Ela endireitou o corpo.

- Sei que tem saído, se divertido e isso é bom! Precisa disso, mesmo que meu coração clame todos os dias que você não me esqueça.

- E por isso se afastou?

- Não. Só tive medo. Medo de te ver sorrir para outro. De descobrir que poderá encontrar bocas melhores para beijar e...

- Não é assim Paulo. Se vim aqui hoje foi para te dizer que nada em mim mudou. Na verdade, senti medo. Muito medo de te afastar de mim e depois não te alcançar mais. – Então, quando viu que eu não tocaria seu rosto, ela tocou o meu, com tanta sutileza e delicadeza que fechei os olhos e aproveitei o momento. – Eu te amo! E eu sei que aí dentro também existe algum sentimento. – Não queria quebrar a magia do momento, então permaneci ali, de olhos fechados. Se ela pudesse falar novamente. – Ouviu Paulo? Eu te amo! – Eu abri os olhos, agradecendo por mentalmente ela ter ouvido meu pedido e repetido, tomei suas mãos e levei aos lábios. – Mesmo que você ainda... – Não permiti que ela continuasse. Beijei seus lábios.

- Eu sei que errei! E, estou sujeito a errar novamente. E se preciso for, posso viver pedindo perdão, só preciso ter certeza de que haverá perdão. Acha que se não fosse recíproco, eu estaria mendigando um sorriso? Um olhar? – Vi uma lágrima rolar por sua face e a sequei com a palma da mão. – Eu te amo!

- Mas essa semana quis desistir de nós novamente.

- Nunca. Eu queria que tivesse liberdade de viver suas descobertas. Estava tão animada, tão empolgada com o tal Tony que eu não ousaria roubar mais esse momento de você.

- Não roubaria nada. Tudo o que tenho eu entregaria a você sem pensar duas vezes.

Eu nunca fui de outra pessoa Paulo, a não ser sua. Nunca tinha sequer beijado um homem em minha vida.

- Beijou o Tony em minha frente. – Fiquei de pé, me lembrando do momento, mas quando olhei ela estava sorrindo. – Tenho certeza que se divertiu muito à minhas custas. – Quando ficou de pé, ainda sorrindo, e me encarou.

- Minha história com o Tony não tem nada a ver com a gente. – Cruzei os braços esperando maiores informações. – Estamos fazendo as fotos, só isso. O Tony tem outras preferencias... Sexuais.

- Tem certeza? Porque ele me pareceu bem interessado na boate. – A gente se abraçou.

- Tenho sim! E, me desculpe pelo beijo. Queria ser madura, e acabei dando razão para me chamarem de criança.

O momento era perfeito! Afastei-a um pouco, e sorri.

- Quer namorar comigo?

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Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora