Prólogo

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Ficará na plataforma, somente até o término da postagem. 


A

ssim que o avião pousou, meu amigo e motorista da empresa, veio ao meu encontro. Como sempre o sorriso largo e o abraço apertado não faltaram em minha chegada ao Brasil. Tinha sido meu maior período longe de casa. Pensei que fosse demorar um pouco mais, estava tentando criar o meu próprio lar, mas não havia sido desta vez ainda. O velho e bom Miguel faz jus ao seu nome, parece de fato um anjo na vida das pessoas, por isso está a tanto tempo trabalhando com o Lucca. Era amigo do Jeremy, meu padrasto, e assumiu seu posto, assim que o Lucca convidou o Jeremy para trabalhar ao seu lado, como administrador.

— Sentimos sua falta menino. – Em nenhum momento eu duvidaria de suas palavras. Afinal, eu também havia sentido falta de todos eles.

— Também senti falta de vocês. – Retribui o abraço.

— Bem ali! – Ele apontou o carro estacionado.

Enquanto caminhávamos, achei importante ver as mensagens que devia ter chegado durante o voou. Caminhei ao seu lado sem notar muito o que se passava em minha volta. Embora eu olhasse para a tela do celular como se tivesse interesse em tudo o que se encontrava ali, uma só era meu desejo. Uma mensagem de uma única pessoa seria o suficiente para que meu tempo no Brasil durasse bem menos. Mas não havia nada. Última visualização tinha sido a doze horas atrás, o que significava que fora logo após nossa discussão.

Infelizmente, meus pensamentos ainda se encontravam na Itália. Era lá que estava a pessoa que roubava meus pensamentos, e havia também me roubado a paz e até mesmo, minha dignidade.

Desde do fatídico acontecimento, eu remoía um sentimento de dor e indignação, questionando—me... O que havia faltado?

Eu precisava me recuperar desse momento, e mesmo que uma traição não tivesse justificativa, eu estava disposto a entende-la, mas não houve nenhuma mostra de arrependimento.

Segundo minha mãe, meu nome era em homenagem a Saulo, que teve um encontro com Jesus e se tornou Paulo, propagador do Bem. Então porque nesses últimos dias, só me lembrava de Judas?

Traição.... Judas. Era isso que me fazia morrer por dentro. Mas minha história era sim parecida com a história de Saulo. Eu havia encontrado uma mão misericordiosa em minha vida. Havia encontrado com Jesus, quando me encontrei com o Lucca. Para mim ele era o próprio representante de Deus. Não havia como dizer o contrário. Um anjo! Estendeu—me sua mão quando eu mais precisava, e a partir desse momento, minha vida mudou completamente. Por isso, minha mãe sempre diz, "o bem que lhe fizerem, passe à frente e ele voltará a você.".

E mais uma vez o Lucca intervinha em minha vida, me enviando de volta ao Brasil, para que esfriasse a cabeça. E se não fosse por ele, — a cena vem a minha mente. – Se ele não tivesse segurando minha mão naquele momento, eu teria cometido um crime, e com certeza agora, estaria indo para trás das grades, ao invés do colo aconchegante de minha mãe.

Durante o trajeto para casa, por mais que fechasse meus olhos, era abordado pela cena da Jordânia em nossa cama, trepando como uma vadia qualquer com um sujeito que nunca havia visto em minha vida.

Abro os olhos, e enquanto o carro percorre as ruas da cidade, concluo que, por mais que se ame viver em um país lindo, como a Itália, é sempre bom, estar em casa.

Em um semáforo, observo uma cena, muito típica em nosso país. Uma garota sendo assaltada. Quando o Miguel diminui a velocidade do carro, por conta do sinal fechado e abro a janela do meu lado, e tentei afastá-los gritando. Mas se ouviram fizeram de conta que não.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora