Capítulo Dez

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Agnes...

- Amiga... Não fica assim não porque eu choro. Sabe disso. - A Fran me abraçou.

- Se soubesse que iria dar nisso não tinha dito para o Paulo trazer a indecente.

- Ninguém adivinharia Nina. Não se culpe.

- Minha mãe nunca falou assim comigo. Ela deve estar muito brava mesmo. - As lágrimas não me deixavam pensar com clareza.

O Jantar devia estar terminando e daqui a pouco ela subiria para falar comigo. Minha mãe nunca me deu uma palmada, mas quando me deixava na cadeirinha do pensamento e vinha com suas conversas, sempre me fazia chorar mais que se tivesse batido em mim.

O jantar veio, mas não sentia fome. Assim, quando nossa cozinheira veio buscar a bandeja levou do mesmo jeito que trouxe.

- Vocês deviam ter jantado. – Apertei as mãos de minhas amigas.

- Não. Você não jantou. E também perdi a fome. Pena que não poderei ficar aqui muitos dias. Essa Sabrine ia ver comigo.

- Foi sem querer Fran. Como ela adivinharia que não havíamos contado.

- Hurrrr... Vocês duas. Fiquem espertas, por favor.

- No começo eu não tinha gostado dela, mas hoje até sinto pena. Parece sozinha. Sei lá.

- Boazinhas demais para mim. Não consigo engolir. – A Fran é mesmo a cara do Pierre. Sempre se fazendo de durona. Mas o coração dela também era enorme.

Quando a tia Suzana veio me ver e se despedir a Nina foi com ela e levaram a Fran. Minutos depois minha mãe entrava pela porta.

- Está dormindo? - Virei-me para ela e me sentei, encostando-me à cabeceira da cama.

- Não mãe. Não estou. – Então esperei pela bronca. Mas ela veio e me abraçou me desarmando e me fazendo chorar mais que eu já havia chorado.

Mãe é o ser mais estranho que existe, a gente espera algo delas e elas fazem outra coisa.

- Não posso nem imaginar em perder você meu amor. Nenhum de vocês na verdade. Não gosto que as pessoas façam mal a vocês. Não posso imaginar vocês sofrendo.

Com certeza ela não devia ter jantado direito. Minha mãe sempre foi assim. Quando ela estava mal com algum de nós, enquanto não resolvia a situação não conseguia continuar seus afazeres.

- Me perdoa mãe... Não fiz por mal.

- Eu sei meu bem. Sei muito bem o caráter de vocês. Sei que não faria nada que fosse prejudicial a você mesma. Já me dói ver você sofrer por esse idiota do Paulo. Tenho certeza que não usaria nenhum tipo de drogas.

- Quero ir embora com vocês. – Ela se afastou de mim.

- Por quê?

- Porque sinto sua falta. Sinto falta do papai... E do JP. - Chorei..., mas não era bem saudades. É porque acredito que esse sentimento que trazia guardado no peito não terá futuro. Eu queria... Fugir.

- Se eu sentisse que seu desejo estivesse ligado ao estudar ou a ficar próxima a nós tudo bem. Mas eu sei que não é. Fugir, nunca foi e continua não sendo a melhor solução, mas se insistir, eu apenas irei respeitar sua decisão. Pensei que o Paulo vindo para o Brasil, e se tivesse a oportunidade de te conhecer melhor, sem a influencia de seu irmão, ele poderia até ver o que está perdendo, mas pelo que vejo a mulherada está jogando pesado. E conhecendo você o suficiente, sei que não se submeterá a fazer o que algumas são capazes para seduzir um homem. Mas uma coisa lhe garanto filha. A docilidade ainda seduz. A franqueza, a honestidade. Tudo isso ainda seduz, homens e mulheres. Acredite em mim. A beleza exterior acaba, mas a interior permanece para sempre. Há muitos homens e mulheres também que depois que o parceiro tira a roupa, entende que debaixo dos panos não existe nenhum conteúdo concreto para que permaneçam. – Enquanto minha mãe falava, meu celular tocou. Olhei o número e vi a foto. Era o Paulo.

Paulo - Amor e GratidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora